terça-feira, 24 de junho de 2008

SACRAMENTO DO CRISMA

Generalidades
Poderia alguém perguntar-se: Que significa a afirmação de recebermos na crisma o Espírito Santo? Já não o conhecemos no batismo? - A afirmação de uma coisa não é a negação da outra. O que é dado no batismo recebe uma confirmação na crisma. Este é o "retoque final pentecostal" do batismo. Originalmente, e hoje ainda no Oriente, dava-se a crisma imediatamente depois do batismo. Assim como Jesus foi ungido pelo Espírito Santo, logo depois de sua saída do Jordão (= batismo); e assim com Ele, logo depois de sua emersão de morte, comunicou o Espírito Santo aos Apóstolos, soprando sobre eles, assim se celebra, depois do batismo que é mais purificador de modo particular, a alegria e a força do Espírito Santo, pela recepção da crisma. Que o batismo e a crisma constituam uma só realidade total, fica claro pelo seguinte: Desde o tempo em que, no ocidente, o batismo é administrado separadamente da crisma, indica-se, ao fim do rito batismal, a recepção do Espírito Santo, por meio de cerimônia semelhante: A unção com crisma. Ainda não é a crisma propriamente dita, mas assemelha-se a ela.
Não se veja este sacramento da crisma qual mágica isolada e independente, que disponha do Espírito Santo. A confirmação, da mesma forma que o batismo, não pode ser considerada em sua fisionomia exata e em sua dimensões verdadeiras a não ser em conexão com toda a vida humana do cristão. A mera cerimônia quase não tem sentido, se não for acompanhada de uma formação e educação cristãs, que a ela correspondam. Podemos repetir aqui o que já dissemos em relação ao batismo: É lícito perguntar-se se as crianças que são batizadas e crismadas, simplesmente porque é um costume reinante, mas ulteriormente não se criam de modo conscientemente cristão, podem ser chamadas, com direito, "cristãs" e "membros da Igreja".
Outra observação importante é esta: A concepção exata da crisma pede que este sacramento seja visto em conexão com aqueles dons do Espírito Santo, que se relacionam com a madureza cristã: Sair de si mesmo e testemunhar. "Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-os vós a eles" (Mt 7, 12). "Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer. Pois, não sereis vós que falareis, mas será o Espírito de vosso Pai que falará em vós" (Mt 19, 19-20). A crisma dá a cada cristão missão de testemunho e de serviço da palavra. Torna-o adulto responsável, cada um no próprio ambiente.
O fato de a crisma ser administrada exclusivamente pelo bispo (salvo em perigo de morte, caso em que também o pároco ou o capelão do hospital podem crismar), tem seu sentido bem profundo: O bispo é portador do Espírito, encarregado por Deus, e o ministro oficial dos sacramentos.
É ele que é o ministro do sacramento do Espírito, consumação do batismo. Mas sendo ele um só para milhares de fiéis na Diocese, ocorre a seguinte conseqüência: O bispo aparece na paróquia apenas uma vez por ano, ou talvez nem isso. A crisma administra-se , então, "em massa"e quase não se leva em consideração a idade dos crismandos. Pelo que, perde, inevitavelmente, muito de seu relevo. Deve ser isto motivo a mais para os pais, os professores e professoras, os padres, de cercar a crisma de explicação sólida e apurada diligência litúrgica.
Este sacramento, como o batismo, recebe-se uma vez na vida. Se alguém não se lembra muito de sua confirmação (ou julgue que, no momento de o receber, tinha pouca noção do que estava fazendo ou recebendo), pode ter a consciência de que se trata de um dom que continua a desdobrar-se. Uma vez recebido, vai crescendo, através da vivência no Espírito de Deus.

A liturgia da confirmação ou crisma
Impor a alguém as mãos, em nome de Deus, quer dizer: Colocá-lo na esfera de deus. É com esse gesto que os Apóstolos comunicaram aos cristãos o Espírito de Deus. "Pedro e João impuseram-lhes as mãos e eles receberam o Espírito Santo" (At 8, 17). Ainda hoje é aplicado esse mesmo sinal aos cristãos que crescem para a idade adulta. Em nossa língua, possuímos, para designá-lo, dois nomes: "Crisma"provém da matéria empregada para este sacramento e acentua mais o efeito dessa matéria: A agilidade e a fortaleza do lutador. A palavra "confirmação" significa: Corroboração, consolidação. Indica, perfeitamente, o próprio fruto do sacramento: confirmar e consolidar o que já se começou no batismo.
De mãos estendidas, diz o celebrante sobre os crismandos:
"Ó Deus eterno e todo-poderoso, regenerastes vossos servos pela água e pelo Espírito Santo. perdoastes-lhes todos os pecados. Enviai-lhes do alto do céu o vosso Espírito Santo, o Consolador, com seus sete dons. Amém.
O Espírito da sabedoria e inteligência. Amém.
O Espírito de conselho e fortaleza. Amém.
O Espírito de ciência e piedade. Amém.
Enchei-vos do Espírito de temor por Vós, e selai-vos propício com o sinal da cruz de Cristo, para a vida eterna. Amém".
Um por um, aproximam-se os crismandos e ficam de pé diante do celebrante. Este lhes impõe as mãos e lhes unge a fronte com crisma. O crisma, que simboliza o suave odor do Espírito que tudo compenetra, faz deles membros consumados e "sacerdócio real, nação santa, o próprio povo de Deus" (1 Pdr 2,9).
Em seguida, o celebrante bate, levemente, na face do crismando: Costume medieval, que pode designar o desprezo e a perseguição que devem ser suportados por amor de Cristo. O gesto é acompanhado das palavras do celebrante: "A paz esteja contigo!"
O momento mais apropriado para conferir-se a crisma é a celebração eucarística, a saber, depois do Evangelho. Termina-se a cerimônia da crisma pela recitação do "Credo", que pode ser cantado em conjunto, e pela recepção da Eucaristia. Conjunto sumamente significativo, porque, desde os primeiros tempos da Igreja, o batismo, a confirmação e a Eucaristia constituem a iniciação completa do cristão.

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