quarta-feira, 30 de abril de 2008

JOSÉ DE NAZARÉ, por Dom Gil Antônio Moreira

Ao narrar o nascimento de Jesus, o evangelista Mateus, destaca a figura de José, esposo de Maria, colocando-o em estreita relação com Abraão, o pai de povo hebreu e com Davi, de cuja descendência nasceria o Salvador (cf. Mt 1,1-24). Em sua descrição genealógica, demonstra que entre Abraão e Davi, houve quatorze gerações e de Davi até o exílio da Babilônia, mais quatorze gerações e desde aí até o nascimento de Cristo, mais quatorze, sinalizando o simbolismo do número sete, o número da plenitude, duplamente presente nas três partes da ordem genealógica. Passa a descrever a forma espiritual e miraculosa com que se deu o nascimento de Jesus Cristo, narrando a experiência vital de José, o homem justo, demonstrando que mais importante que o puro dado genealógico, é a descendência na linha da fé, cuja origem maravilhosa está em Abraão aquele que acreditou contra toda esperança. São Paulo, na carta aos Romanos (cf. Rom 4,1-25), discorre sobre a justificação de Abraão pela fé, uma vez que não se salvou pela observância da lei, só revelada bem mais tarde no Sinai a Moisés. Tal fé tem seu ponto máximo ao momento do nascimento do Messias, e para ela se abrem de forma esplendorosa José e Maria de Nazaré. José, ao lado da santa esposa, está posto nos umbrais do momento messiânico, provado por Deus e mostrado como modelo de fé e disponibilidade diante do plano do Altíssimo. Mateus classifica José como homem justo, aquele em cuja alma se dava a justificação do alto, aquele cujo espírito estava ajustado de forma madura e plena com o Senhor do Universo, Deus Pai amoroso e onipotente que cria e salva a humanidade. Pela sua fé, na condição de esposo legal e casto de Maria, se realiza a paternidade espiritual pela qual o Salvador, gerado pela força do Espírito Santo no seio virginal da jovem de Nazaré, cumpre a promessa feita aos primeiros pais e confirmada na profecia de Natan a Davi.Em José se evidencia de forma eloqüente a vocação do homem maduro que se realiza em ser fiel a toda prova, ao não abandonar Maria na concepção extraordinária do Menino de Belém. Nele se pode contemplar a integridade de alma, ao despojar-se de si mesmo diante do plano de Deus, disponibilizando-se total e indivisamente para a missão de ser pai legal, adotivo, do Menino Deus. Ao lado da Virgem esposa, José é modelo de pai que cuida do filho, na certeza de estar servindo humildemente a Deus e de estar diante de um mistério que só pode ser entendido dentro do prisma da mais genuína fé e do mais completo amor.Na vida da Igreja, José sempre ocupou lugar de distinção, respeito e veneração. Documentos do século VII, a festa litúrgica introduzida no século XII, a expansão de sua devoção no ocidente, sobretudo a partir do século XV e as várias distinções dadas ao seu nome nos tempos modernos, fazem de São José um dos santos mais queridos e populares do mundo cristão. O papa João XXIII (1959-1963) o declarou Patrono Universal da Igreja, por ter sido escolhido por Deus para cabeça da família de Nazaré, a primeira Igreja Doméstica. Sendo esposo de Maria Santíssima, pai legal de Jesus, se torna também patrono na Igreja, Corpo Místico de Cristo. Mediante a confiança depositada por Deus neste homem justo e bom, o fiel encontra razões para submeter-se ao seu patrocínio e à sua intercessão, em Cristo, para que suplique ao Pai em todas as suas necessidades, sobretudo as relacionadas com a família, a educação dos filhos e a manutenção geral dos lares. Muitos seminários e outras casas de formação dos futuros sacerdotes são postos sob o patrocínio de São José, bem como mosteiros e conventos, pois ele é modelo de alguém que se entregou total e indivisivelmente à obra do Senhor, não querendo nada para si, mas tudo para Deus. A Constituição Conciliar Lumen Gentium, do Vaticano II, diz: “Nela (na família) os pais devem ser para seus filhos os primeiros pregadores da fé mediante a palavra e o exemplo e devem fomentar a vocação própria de cada um, mas com cuidado especial a vocação sagrada (LG 11,2).Ao aproximar-se a grande festa da Natividade do Senhor, na genuína espiritualidade do Advento, José nos é apresentado como modelo de quem se prepara para celebrar o mistério da encarnação do Verbo, exemplo de vivência da Palavra divina, que se concretiza no dia a dia, e de força na expectativa da segunda vinda do Salvador.

A Vida Oculta de Jesus, por Equipe Veritatis

INTRODUÇÃO:Ao rezar o Credo professamos com toda a claridade os mistérios da Encarnação (concepção e nascimento de Cristo) e da Páscoa (paixão, crucificação, morte, sepultura, descida aos infernos, ressurreição e ascensão); mas não se explícita a vida oculta nem a vida pública. O Evangelho, em troca, presta atenção - mais brevemente - aos mistérios da infância e vida oculta, desenvolvendo por extenso a vida pública, na qual sobressai o que Jesus fez e ensinou.Mas o cristão há de imitar a vida de Jesus e é importante conhece-la por inteiro; os trinta anos que viveu em Belém, Egito e Nazaré e os três anos que passou pregando o Reino de Deus; sua doutrina, seus milagres, seu amor à humanidade que o levou à paixão e morte, até ressuscitar e subir aos céus.IDÉIAS PRINCIPAIS:1. A vida de Jesus, um ensinamento contínuoQuem conhece bem a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo sabe que toda ela foi umensinamento contínuo: seu ocultamento, sua obediência, seu trabalho, seus milagres, sua oração, seu amor pelos homens, sua predileção pelos mais pequenos e pelos pobres, a aceitação total do sacrifício na cruz, para a salvação do mundo, tudo o que fez.2. O nascimento em BelémComo tinham predito os profetas, Jesus nasceu em Belém de Judá depois de séculos de preparação. Deus enviava a seu Filho, nascido homem das entranhas puríssimas da Santíssima Virgem, para salvar a todos e mostrar-nos o caminho que conduz ao céu. Nasceu em estábulo humilde, de uma família pobre, dando-se a conhecer a uns humildes pastores que foram os primeiros em adora-lo. São lições de humildade, de pobreza, de simplicidade... que todos nós cristãos temos de aprender e seguir.3. O grande acontecimento do NatalO evangelho conta o nascimento de Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, com esta simplicidade: "Aconteceu naqueles dias que saiu um edito de César Augusto para que se recenseasse todo o mundo (...). José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, que se chama Belém, por ser ele da casa e da família de Davi, para recensear-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando ali, cumpriram-se os dias do parto, e deu à luz a seu filho primogênito, e o envolveu em panos e o depositou em um presépio, por não ter lugar para eles na hospedaria" (Lucas 2,1-7). Cada ano, no dia 25 de dezembro, celebramos o Natal e os acontecimentos relacionados com ele: a Sagrada Família (domingo depois do Natal), a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus (1 de janeiro) e a Epifânia do Senhor (domingo mais próximo a 6 de janeiro).4. Os mistérios da infância de JesusOs grandes acontecimentos ou mistérios da infância de Jesus são:a) A Circuncisão, ao oitavo dia de seu nascimento, como se fazia com os meninos judeus; era uma cerimônia que prefigurava o batismo.b) A Epifânia, ou manifestação de Jesus como Messias de Israel, que celebra a adoração dos Reis Magos.c) A Apresentação de Jesus no Templo. Em cumprimento da lei de Deus, Maria e José apresentaram Jesus no templo de Jerusalém, quarenta dias depois do nascimento; a mãe - neste caso a Virgem Maria - cumpria com a lei da purificação. Maria não estava obrigada a isto, por ser virgem e sem mancha do pecado, mas quis submeter-se em tudo à Lei de Deus.d) A fuga para o Egito e a matança dos Inocentes. Desde o princípio Jesus foi perseguido, e os cristãos de todos os tempos sofrem também a perseguição e o martírio.5. A vida oculta de JesusA maior parte de sua vida, Jesus viveu como a imensa maioria dos homens: uma vida corrente sem aparente importância, vida de trabalho, a vida religiosa submetida à Lei de Deus, vida de comunidade em sua cidade com os parentes, amigos e conhecidos. O Evangelho diz que Jesus obedecia a seus pais e progredia em sabedoria, idade e graça perante Deus e perante os homens. Só o acontecimento da perda e encontro de Jesus no Templo, à idade de doze anos, que narra São Lucas, quebra a aparente monotonia da vida oculta, cheia, por outro lado de sentido e ensinamentos.6. O papel de São JoséSabemos que Jesus nasceu da Virgem Maria, concebido por obra e graça do Espírito Santo. Deus era seu Pai, mas quis que alguém fizesse as vezes de pai, na terra. A pessoa escolhida foi José, um homem justo da casa de Davi. José, esposo virginal de Maria e pai legal de Jesus, exerceu com Ela e com o Filho de Deus os ofícios de esposo e pai, nesta terra. Com seu trabalho de artesão na pequena cidade de Nazaré proveu e cuidou da vida de Jesus e da Virgem, ensinando a seu Filho seu ofício profissional.7. A santificação no trabalho de cada diaImitando o exemplo de Jesus Cristo - que passou na terra trinta anos de vida oculta trabalhando -, e também da Virgem e de São José, nós cristãos nos santificamos na realidade ordinária do próprio trabalho. Santificar-se com o trabalho quer dizer buscar, encontrar e amar a Deus nas coisas que fazemos, servindo assim aos demais. Por isto, pode-se resumir a vida de um cristão corrente dizendo que há de santificar o trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho profissional. Para consegui-lo é preciso fazer o próprio trabalho com esmero e atenção, acabando até o último detalhe, e impregnando-o de amor a Deus.8. É preciso recorrer sempre à Sagrada FamíliaJesus, Maria e José formavam a admirável família de Nazaré, a qual chamamos SagradaFamília. Ao recorrer a José, Maria e Jesus, devemos também aprender a imitar suas virtudes e querer viver segundo o exemplo que nos deram.9. PROPÓSITOS DE VIDA CRIST÷ Ler a vida oculta de Jesus, nos Evangelhos, meditando-a· Ter sempre uma devoção muito profunda à Sagrada Família de Nazaré, recorrendo a ela nas necessidades.

Testemunho de Santa Teresa de Ávila sobre São José

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É eloqüente o testemunho de Santa Teresa de Ávila, doutora da igreja, devotíssima de São José. No “livro da Vida, sua autobiografia, ela escreveu: “ Tomei por advogado e senhor o glorioso São José e muito me encomendei a ele. Claramente vi que dessa necessidade, como de outras maiores referentes à honra e à perda da alma, esse pai e senhor meu salvou-me com maior lucro do que eu sabia pedir.Não me recordo de ter suplicado graça que tenha deixado de obter. Coisa admirável são os grandes favores que Deus me tem feito por intermédio desse bem-aventurado santo e os perigos de que tem livrado, tanto do corpo como da alma. A outros santos parece o Senhor ter dado graça para socorrer em determinada necessidade. Ao glorioso São José tenho experiência de que socorre em todas.O Senhor quer dar a entender com isso como lhe foi submisso na terra, onde São José, como pai adotivo, o podia mandar; assim, no Céu continua a atender a todos os seus pedidos. Por experiência, o mesmo viram outras pessoas a quem eu aconselhava encomendar-se a ele. A todos quisera persuadir que fossem devotos desse glorioso santo, pela experiência que tenho de quantos bens alcança de Deus... De alguns anos para cá, no dia de sua festa, sempre lhe peço algum favor especial. Nunca deixei de ser atendida”. Este testemunho de uma grande Santa Doutora da igreja dispensa comentários, e precisa ser lido e relido com muita atenção. Próximo de Jesus e de Maria, São José é Estrela de primeira grandeza no Céu e intercede pela Igreja sem cessar, assim como, na terra, velava sem se descuidar do Filho de Deus a ele confiado. Recomendemo-nos todos a ele, todos os dias.

São José: Patrono dos Anônimos

Por mais de vinte anos pesquisei sobre São José nas melhores bibliotecas do mundo. Disso resultou um livro de tamanho considerável - São José, a personificação do Pai - que pessoalmente considero, pela idade que já tenho, o meu nunc dimitis (minha despedida) de uma reflexão dogmática-sistemática sobre a fé cristã. Como todas as coisas, assim também José, além do lado visível de artesão, esposo, pai, educador possui um outro invisível, ligado ao Mistério que ganhou uma das expressões singulares no caminho de Maria, de Jesus e dele mesmo. No livro tento mostrar que ele significa a personificação do Pai, assim como Jesus é do Filho e Maria, do Espírito Santo. Esse discurso vale apenas para os cristãos. Não abordarei esta espinhosa questão. Restrinjo-me àquilo que todos podem compreender, independentemente da fé que professem. São José é uma figura de sombra. Não deixou nenhuma palavra, apenas teve sonhos que, não sem dificuldades, acatou e seguiu. Não sabemos nem quando nasceu nem quando morreu. Apenas que, corajoso, levou para casa uma menina grávida e assumiu o menino impondo-lhe o nome Jesus. Depois enfrentou com a família a perseguição de um monarca sanguinolento, fugiu para o exílio e, na volta, se escondeu numa vilazinha ao norte, em Nazaré. Iniciou o filho nas tradições religiosas de seu povo e lhe transmitiu a profissão de artesão-carpinteiro. Dele se diz que era um homem justo. Depois sumiu sem deixar sinal. Apenas os apócrifos (livros tardios não aceitos pela Igreja oficial) sabem muito de José mas de forma fantasiosa e, por vezes, ridícula. Até referem que, viúvo com seis filhos, casou com Maria aos 93 anos, ficou com ela por 18 anos e morreu com 111. São José nunca teve centralidade na Igreja. Somente depois de 800 anos apareceram os primeiros sermões sobre ele. Só em 1870 foi proclamado patrono da Igreja Universal, não pelo próprio Papa, mas por um decreto da Congregação dos Ritos. Nos anos 60 o Papa João XXIII inseriu seu nome no canon da missa. Essa invisibilidade de São José não é sem sentido. Funda uma espiritualidade bastante esquecida pelo cristianismo oficial. Neste são os papas, os bispos e os padres que ocupam a cena, falam e têm visibilidade. Mas existe um poderoso cristianismo popular, cotidiano e anônimo do qual ninguém toma nota. Nele vive a grande maioria dos cristãos, nossos pais, avós e parentes que tomam a sério o evangelho e o seguimento de Jesus. São José por seu anonimato e silêncio se insere ai dentro. Mais que patrono da Igreja universal é o patrono da Igreja doméstica, dos irmãos e irmãs menores de Jesus. Ele é um representante da ''gente boa'', da ''gente humilde'', sepultados em seu dia-a-dia cinzento, ganhando a vida com muito trabalho e levando honradamente suas famílias pelos caminhos da honestidade. Orientam-se mais pelo sentimento profundo de Deus que por doutrinas teológicas sobre Deus. Para eles, como para José, Deus não é um problemas mas uma luz poderosa para os problemas. Foi neste ambiente que Jesus cresceu. Sua relação com José a quem chamava de pai, deve ter sido tão íntima que serviu de base para sentir a Deus como ''Paizinho querido'' (Abba) e nos transmitir essa experiência libertadora. Isso já é suficiente para sermos eternamente gratos a ele.
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O Jubileu de São José

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O Jubileu de São JoséA religiosidade popular é uma marca do catolicismo que revela o grau de devoção e de piedade do povo brasileiro. Os santos ocupam um lugar incomum na expressão religiosa dos cristãos católicos. Por meio deles, os fiéis buscam graças e bênçãos de Deus para si e para os seus. A devoção aos santos varia de lugar para lugar. Um santo pode ser muito popular numa determinada região e até desconhecido em outra. A Virgem Maria, seguramente, é a única exceção, embora as manifestações que recebe se diferenciem de acordo com os títulos com que é invocada. No Brasil, o de Nossa Senhora Aparecida é insuperável.Quase escondido na Bíblia, o esposo da Virgem Maria, São José, encanta pelo seu silêncio e fidelidade à vontade de Deus. Por causa de seu ofício, é invocado como patrono dos trabalhadores e trabalhadoras. Em Barbacena, ganhou um jubileu que o honra, durante onze dias, atraindo devotos de toda a região. Seu prestígio junto aos católicos da cidade das rosas mereceu-lhe uma magnífica basílica da qual os barbacenenses se orgulham. Quase todos contam sua participação na construção desta morada de Deus. O vínculo afetivo de grande parte da população com o templo o torna muito concorrido por ocasião das missas dominicais e da novena perpétua que nele se celebra toda quarta-feira dedicada ao seu patrono.Nenhum movimento, porém, se compara ao do jubileu. De fato, encanta até mesmo aos incrédulos e indiferentes a fé que os devotos de São José expressam no período da festa. A busca dos sacramentos da confissão e da eucaristia é uma prova do quanto crêem no que celebram. A valorização destes momentos de expressão da religiosidade popular traduz não só a sensibilidade da Igreja como também sua capacidade de anunciar o evangelho a partir da realidade de seu povo. Por isso, nestas ocasiões, é importante propor uma reflexão bem fundamentada, uma liturgia vibrante e encarnada a fim de que signifiquem alimento para a fé, ânimo para a luta e esperança para a vida.O 41º Jubileu de São José Operário, em Barbacena, caracterizou-se por uma organização primorosa que permitiu ressaltar a razão de ser da festa: o testemunho da fé que faz elevar a Deus, por meio de seus santos, o louvor, a gratidão e a súplica de quem nele crê e confia. Ainda que para muitos o Jubileu signifique tão somente as barracas e as diversões que aí se encontram independentemente da vontade de quem o criou, Deus não deixará de fazer respingar no coração e na vida deles as graças que envia aos seus filhos e filhas queridos por meio do carpinteiro São José.
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: São José, Patrono da Congregação dos Sagrados Corações

Devoção do Servo de Deus (Pe. EUSTÁQUIO VAN LIESHOUT SS.CC) a São José: Sempre floresceu entre as almas santas a devoção a São José, como esposo da Bem-aventurada Virgem Maria e como patrono das almas em sua vida interior. São José, patrono da Igreja, foi também sempre patrono da Congregação dos Sagrados Corações. Mas foi no Brasil que o Servo de Deus manifestou sua devoção a São José em todas as suas atividades apostólicas, especialmente na sua doutrina e prática contra o espiritismo, tão difundido no Brasil. Com esta finalidade fundou uma Associação chamada "Liga anti-espírita", a qual colocou sob a proteção de São José. Mas, o amor do Servo de Deus a São José aparece claramente no fato de que em quase todas as suas cartas fala deste beato esposo da Virgem Maria. Eis aqui algumas de suas expressões: "São José vos guie e vos proteja sempre... São José, guiai-nos. São José, protegei-nos. São José, guiai-nos sempre no caminho de sua santa vontade"37. "São José, protegei-me, guiai-me, livrai-me do mal!".38"São José, eu confio em vós. São José, espero em vós. São José, creio em vós".Escrevendo ao Exmo. Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, no dia 24 de junho de 1941, manifesta estar convencido da necessidade de recorrer a este santo pelas necessidades do mundo: "convém também que entre todos os santos recorramos de modo especial a São José, cuja intercessão se revela como potente e infalível em nossos tempos... eu tenho o santo desejo de construir um santuário para este glorioso santo, a fim de que o mundo aprenda que o tempo de penúria chegou, mas a salvação está próxima daqueles que crêem nestas duas pessoas que São José nos está indicando: Jesus e Maria".Esta especial devoção a São José era particular em sua vida, e procurava transmiti-la àqueles que o procuravam para receber uma bênção. Compôs várias orações para o esposo de Maria, com a aprovação eclesiástica, imprimindo-as para a evangelização e devoção do povo. Eis aqui uma delas:"São José, esposo abnegado de Maria, terno pai nutrício do Menino Jesus, protetor e amparo da Sagrada Família, alcançai-me o que tão ardentemente peço para mim e para os meus. Coloco-me inteiramente debaixo de vossa poderosa proteção, ao lado de Jesus e de Maria, que sob vossa proteção fugiram em segurança e voltaram a salvo. São José, se houver em minha conduta algo que desagrade a Jesus ou à sua Mãe, ajudai-me a arrancá-lo, pois só quero ser santo como vós e Jesus e Maria são santos. Quero morar com eles debaixo do mesmo teto e não quero conservar nada que os possa contrariar. Oh, São José, pedi luz para o meu espírito, luz para os meus olhos, coragem para o meu coração, maior temor do pecado. Oh, São José, peço-vos a paz no meio de tantos que se odeiam e se perseguem, paz nos corações, paz nos lares, paz em todos os países... São José, ajudai-me a sofrer, ajudai-me a suportar, ajudai-me a perdoar, ajudai-me a confiar, ajudai-me a salvar. Amém! São José, consolo dos aflitos, rogai por nós! Esperança dos enfermos, rogai por nós! Patrono dos moribundos, rogai por nós!"

Jubileu dos Trabalhadores - 1° de Maio de 2000

Jubileu dos Trabalhadores em Tor Vergata ROMA HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II(Esta transcrição é feito do Jornal L´Osservatore Romano, ou do site do Vaticano, edição em português, de Portugal; algumas palavras são escritas de forma diferente do português usado no Brasil) 1° de Maio de 20001. ´Abençoai, ó Senhor, a obra das nossas mãos´ (Salmo responsorial). Estas palavras, que repetimos no salmo responsorial, exprimem bem o sentido da hodierna jornada jubilar. Do vasto e multiforme mundo do trabalho eleva´se hoje, primeiro dia de Maio, uma invocação coral: Senhor, abençoai e consolidai a obra das nossas mãos! O nosso cansaço nas casas, nos campos, nas indústrias, nos escritórios poderia resultar uma inquietação extenuante, em última análise desprovida de sentido (cf. Co 1, 3). Pedimos ao Senhor que este [afã] seja, ao contrário, a realização do seu desígnio, de tal forma que o nosso trabalho recupere o seu significado original. E qual é o significado original do trabalho? Escutamo´lo na primeira Leitura, tirada do Livro do Génesis. Ao homem criado à Sua imagem e semelhança, Deus disse: ´Enchei e submetei a terra...´ (1, 28). A estas expressões faz eco o Apóstolo Paulo, que assim escreve aos cristãos de Tessalonica: ´Quando estávamos entre vós, demos esta norma: quem não quer trabalhar, também não coma´, e exorta a ´comer o próprio pão, trabalhando em paz´ (2 Ts 3, 10.12). Por conseguinte, no projecto de Deus o trabalho aparece como um direito´dever. Necessário para tornar úteis os bens da terra na vida de cada homem e da sociedade, este contribui para orientar a actividade humana rumo a Deus, no cumprimento do seu mandato de ´submeter a terra´. A este propósito, também esta exortação do Apóstolo ressoa no nosso espírito: ´Portanto, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus´ (1 Cor 10, 31).2. Enquanto orienta o nosso olhar para o mistério da Encarnação, o Ano jubilar convida´nos a reflectir com especial intensidade sobre a vida escondida de Jesus de Nazaré. Foi ali que Ele passou a maior parte da sua existência terrena. Com a sua operosidade silenciosa na oficina de José, Jesus ofereceu a mais elevada demonstração da dignidade do trabalho. O Evangelho hodierno narra que os habitantes de Nazaré, seus conterrâneos, O receberam com admiração, perguntando´se uns aos outros: ´De onde [lhe] vêm esta sabedoria e estes milagres? Este homem não é o filho do carpinteiro?´ (Mt 13, 54´55). O Filho de Deus não desdenhou a qualificação de carpinteiro e não quis eximir´se da normal condição de cada homem. ´A eloquência da vida de Cristo é inequivocável: Ele pertence ao ´mundo do trabalho´ e tem apreço e respeito pelo trabalho humano; pode´se dizer mais: Ele encara com amor este trabalho, bem como as suas diversas expressões, vendo em cada uma delas uma linha particular da semelhança do homem com Deus, Criador e Pai´ (Laborem exercens, 26). Do Evangelho de Cristo provém o ensinamento dos Apóstolos e da Igreja; daí deriva uma verdadeira e própria espiritualidade cristã do trabalho, que encontrou uma sua expressão eminente na Constituição Gaudium et spes, do Concílio Ecuménico Vaticano II (cf. nn. 33´39 e 63´72). Após séculos de fortes tensões sociais e ideológicas o mundo contemporâneo, cada vez mais interdependente, tem necessidade deste ´evangelho do trabalho´, a fim de que a actividade humana possa promover o autêntico desenvolvimento das pessoas e da inteira humanidade.3. Caríssimos Irmãos e Irmãs, que vos diz o Jubileu, a vós que hoje representais o inteiro mundo do trabalho, congregado para a celebração jubilar? Que diz o Jubileu à sociedade que no trabalho encontra, mais do que uma estrutura básica, um terreno de consolidação das próprias opções de valor e de civilização? Desde as suas origens hebraicas, o Jubileu diz respeito directamente ao trabalho, uma vez que o Povo de Deus é feito de homens livres, os quais o Senhor resgatara da condição de escravos (cf. Lv cap. 25). No mistério pascal, Cristo completa também esta instituição da antiga lei, conferindo´lhe o pleno sentido espiritual, mas integrando o seu valor social no grande desígnio do Reino que, como ´fermento´, faz crescer toda a sociedade na linha do progresso autêntico. Portanto, o Ano jubilar suscita uma redescoberta do sentido e do valor do trabalho. Depois, convida a encarar os desequilíbrios económicos e sociais existentes no mundo do trabalho, restabelecendo a justa hierarquia dos valores, atribuindo o primeiro lugar à dignidade do homem e da mulher que trabalham, à sua liberdade, responsabilidade e participação. Além disso, impele a resolver as situações de injustiça, salvaguardando as culturas próprias de cada povo e os vários modelos de desenvolvimento. Neste momento, não posso deixar de expressar a minha solidariedade a todos aqueles que sofrem devido à falta de emprego, a um salário insuficiente e à carência dos meios materiais. Estão vivamente presentes no meu espírito as populações obrigadas a uma pobreza que ofende a sua dignidade, impedindo´lhes compartilhar os bens da terra e forçando´as a alimentarem´se com o que cai da mesa dos ricos (cf. Incarnationis mysterium, 12). Comprometer´se na resolução destas situações é obra de justiça e de paz. As novas realidades, que acometem com vigor o processo produtivo como a globalização das finanças, da economia, do comércio e do trabalho, jamais devem violar a dignidade e a centralidade da pessoa humana, nem a liberdade e a democracia dos povos. A solidariedade, a participação e a possibilidade de governar estas mudanças radicais constituem, se não a solução, sem dúvida a necessária garantia ética para que as pessoas e os povos não se tornem instrumentos mas protagonistas do seu futuro. Tudo isto pode ser realizado e, dado que é possível, se torna imperioso. O Pontifício Conselho ´Justiça e Paz´, que acompanha de perto o desenrolar´se da situação económica e social no mundo em vista de estudar as suas consequências sobre o ser humano, está a reflectir sobre estes temas. O fruto desta reflexão será o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, actualmente em fase de elaboração.5. Estimados trabalhadores, o nosso encontro é iluminado pela figura de São José de Nazaré, pela sua estatura espiritual e moral que é tanto mais elevada quando mais é humilde e discreta. Nele realiza´se a promessa do Salmo: ´Feliz quem teme a Javé e anda nos Seus caminhos! Comerás do trabalho das tuas mãos, tranquilo e feliz... esta é a bênção para o homem que teme a Javé!´ (128 [127], 1´2.4). O Guardião do Redentor ensinou a Jesus a profissão de carpinteiro, mas deu´lhe sobretudo um validíssimo exemplo daquilo a que a Escritura chama ´temor de Deus´, princípio mesmo da sabedoria, que consiste na submissão religiosa a Ele e no desejo íntimo de buscar e cumprir sempre a Sua vontade. Caríssimos, esta é a autêntica nascente da bênção para cada homem, família e nação. A São José, trabalhador e homem justo, e à sua santíssima Esposa, Maria, confio este vosso Jubileu, todos vós e as vossas famílias. ´Abençoai, ó Senhor, a obra das nossas mãos´. Senhor dos séculos e dos milénios, abençoai o trabalho diário com que o homem e a mulher buscam o pão para si mesmos e para os seus entes queridos. Nas vossas mãos paternais depositamos também os afãs e os sacrifícios ligados ao trabalho, em união com o vosso Filho Jesus Cristo, que resgatou o trabalho humano do jugo do pecado e o restituiu à sua dignidade originária.A Vós sejam dados louvor e glória, hoje e sempre. Amém!

Bento XVI pede trabalho e paz em sua primeira bênção dominical

Bento XVI pede trabalho e paz em sua primeira bênção dominicalPublicado em 01.05.2005, às 10h49O Papa Bento XVI pediu trabalho para todos os jovens do mundo e paz para os povos que sofrem com guerras, doenças e a pobreza, em sua primeira benção dominical na janela de seu apartamento no Vaticano."Desejo que não falte trabalho, especialmente para os jovens e que as condições de trabalho respeitem cada vez mais a dignidade do ser humano", afirmou, ao lembrar o Dia do Trabalho, que em muitos países é comemorado em 1º de maio.Pela primeira vez desde que foi eleito Papa, no dia 19 de abril, Bento XVI se dirigiu aos fiéis da janela de seu apartamento, na qual João Paulo II apareceu inúmeras vezes em seus quase 27 anos de pontificado."Falo pela primeira vez desta janela, que meu amado antecessor transformou em algo familiar para centenas de pessoas do mundo inteiro", declarou."Domingo após domingo, João Paulo II, fiel a um encontro habitual e amável, acompanhou por mais de um quarto de século a história da Igreja e do mundo, e nós o sentimos mais próximo do que nunca", acrescentou.Mais de 50.000 peregrinos se reuniram na praça sob uma temperatura amena da primavera romana para assistir a primeira benção dominical do primeiro Papa alemão da história moderna.Como seu antecessor, Bento XVI pronunciou um breve discurso no qual pediu aos católicos solidariedade e justiça social. Também abordou temas da atualidade, como as condições trabalhistas em todo o planeta por ocasião do Dia do Trabalho. O Papa foi interrompido várias vezes pelos aplausos."Inicia o mês de maio com uma memória litúrgica amada pelo povo cristão, a de São José Trabalhador. Foi criada há mais de 50 anos por Pio XII justamente para destacar a importância do trabalho e a presença de Cristo e da Igreja no mundo operário", disse.O novo Papa abençoou os fiéis e cantou em latim a oração Regina Coeli, que no período da Páscoa substitui o Angelus, com uma voz emocionada e por momentos entrecortada.Diante de milhares de fiéis e turistas, incluindo membros de associações de trabalhadores católicos, Bento XVI, que toca piano e aprecia Mozart e os cantos gregorianos, demonstrou alegria na janela do Palácio Apostólico.O Papa, que tomou posse de seus aposentos na tarde de sábado, depois de uma pequena reforma, surgiu na janela e lembrou o Papa falecido, que fez sua última aparição pública neste local, no dia 30 de março, três dias antes de sua morte.Agradecendo a todos aqueles que o apoiaram, ajudaram e enviaram mensagens de felicitações, Bento XVI passou a falar de outros temas, entre eles a defesa da paz."Nestes dias pensei em todos os povos que sofrem com a guerra, as doenças e a pobreza. Me sinto próximo em particular da querida população do Togo, afetada por dolorosas guerras internas", afirmou."Para todas as nações imploro o dom da concórdia e da paz", acrescentou, pouco antes de apresentar sua primeira benção de domingo como Papa Bento XVI.O Papa também lembrou os "queridos irmãos" das Igrejas ortodoxas que celebram a Páscoa neste domingo e enviou uma mensagem de alegria e oração."Que a Páscoa seja para eles um momento comum de oração e louvor a Ele, nosso Senhor comum, que nos chama a percorrer com decisão o caminho à plena comunhão!", pediu.Depois de saudar vários grupos de peregrinos, Bento XVI abençoou os fiéis e se despediu com um "arrivederci e buona domenica" (até logo e bom domingo).

JOSÉ, PAI-EDUCADOR DE JESUS

JOSÉ, PAI-EDUCADOR DE JESUSa. Os fatos1. Joana é professora numa escola elementar de Apucarana. Das 32 crianças que tem na sala, apenas 14 moram com seus pais, com os dois ou somente com a mãe. Os outros 18 moram com a avó, com uma tia, uma madrinha, ou moram no recanto do menor.2. Geni, com 16 anos, saiu de casa e vive com duas colegas que estudam e trabalham. Não suportava mais o pai autoritário e machão, nem aceitava a submissão da mãe que não a defendia e parecia mais uma serva do que a com-responsável pela família.3. Será que Jesus tem algo a nos dizer sobre a família? Ele não foi marido nem pai. Suas palavras não são vãs, por estarem baseadas apenas na sabedoria divina?De quem aprendeu tudo aquilo que ensinou?1. A família de Jesus.Jesus nasceu, cresceu e se educou numa família judaica. Uma família formada, segundo o registro civil, por José e Maria (Mt 1,16). Ele era Deus, sim, mas também verdadeiro homem. Nada nos permite reduzir a sua natureza humana concreta. Se algo nele parecia inexistente ou apenas aparente, era a sua natureza divina.José, o esposo de Maria, era um homem “justo” (Mt 1,19). Maria, a jovem mãe de Jesus, é chamada por sua prima Isabel de “bendita entre as mulheres” e bem-aventurada porque acreditou (Lc 1, 42-45).É uma família pobre, descendente da Davi (Lc 2,4-5). Devido às circunstâncias, Jesus nasce em Belém, fora da casa da família. Como berço ele teve uma manjedoura, “pois não havia lugar para eles dentro da casa”(Lc 2,6-7).Maria, como toda a mãe faz, cuidou de Jesus menino sob todos os aspectos. Quando completou quatro anos, José começou a ensinar ao menino as orações e os preceitos da Lei de Moisés. Era uma das tarefas do pai. Desde os 6 ou 7 anos, Jesus freqüentou a escola da sinagoga de Nazaré, onde aprendeu a ler (Lc 4,16) e a escrever. Jesus aprendeu também a profissão do seu pai adotivo, José. É que ele era conhecido como “o filho do carpinteiro” (Mt 13,55). Jesus viveu em um ambiente familiar, que incluía tios, primos, irmãos de criação, parentes (Mc 3, 21-31).Foi numa família como esta que Jesus cresceu e foi educado (Lc 2,39-40.50-52), obediente à autoridade e exemplo de seus pais (Lc 2,51).Ele convivia com as famílias de Nazaré, onde viveu uns trinta anos, e depois com as famílias dos povoados e cidades que ele percorreu nos últimos três anos. Por isso Jesus conhecia as relações familiares, seus problemas e alegrias. Nas suas conversas sobre o Reino de Deus vemos que ele continuamente se refere ao matrimônio, às suas vivências e problemas, ao relacionamento entre pais e filhos. Ora, donde lhe vem essa sabedoria e esse conhecimento? Não é ele o filho do carpinteiro? (Mt 13,55).Jesus teve a experiência humana de um bom pai:Por isso, com freqüência, em suas mensagens, fala de ...A – Deus que é como um pai, sempre disposto a ouvir os seus filhos (Lc 11,11-13); é como um pai para os homens (Mt 5, 45; 6,8); preocupa-se com seus filhos (Mt 6, 25-26);B – Deus é como um pai que acolhe e perdoa o filho que saiu de casa e esbanjou a fortuna que recebeu do pai (Lc 15,11-24);C – Deus é como um pai que coloca à disposição de seus filhos tudo o que possui, porque quer o seu bem (Lc 15,31-32);D – do pai que envia seus filhos para trabalhar (Mt 21,28-31);E – do pai que envia seu único filho para cobrar um arrendamento (Mc 12,1-12);F – do pai que descansa com seus filhos (Lc 11,5-7);G – dos filhos que não cuidam de seus pais (Mc 7,9-13);I – recorda o 4º mandamento sobre os deveres para com os pais (Mc 10,19).Com o exemplo de seu pai, Jesus aprendeu os valores da família:A – “O que Deus uniu, o homem não deve separar” (Mt 19,3-9);B – “Quem se divorciar... e se casar com uma mulher divorciada, comete adultério” (Mt 5,32);C – “Todo aquele que olha para uma mulher...” (Mt 5,28);D – “É de dentro do coração... que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, crimes, adultérios, maldades...” (Mc 7,21-23).b. FantasiasPor vezes formamos da “Sagrada Família” um quadro ideal:São José era um casto velhinho de barbas brancas e com um lírio florido na mão; a Virgem Maria era pura, alva, belíssima que nem um céu, sempre recatada, fechada em casa, rezando ou cuidando de seus afazeres;o Menino Jesus era um anjinho sem asas, que vivia cortando pedaços de madeira, na oficina de seu pai, para fazer cruzes.2. José soube enfrentar as dificuldades de uma família como a nossa, com problemas.A .Problemas matrimoniais:Segundo o evangelho, “A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo” (Mt 1,18).Não encontramos na Bíblia nenhum fundamento para pintar José como ancião. Como toda a mocinha judaica, Maria queria casar-se com um jovem que tivesse mais ou menos a sua idade. E o que acontece?Estão oficialmente noivos, com o compromisso do matrimônio. Ainda não podiam viver juntos. Como é que José fica sabendo da gravidez de Maria? Alguma vizinha o felicitou porque ia ser pai? José é homem e, como judeu, sabia que tinha direito ao divórcio. Por ser justo e pelo amor e consideração que tinha para com ela, pensou em não armar um escândalo, mas despedi-la secretamente (Mt 1,19). E o que estaria passando no coração de Maria? Pensa no sofrimento que estaria causando a José, mas não sabe como falar, não pode consultar ninguém. E Deus não se explica. E tudo isto numa cidadezinha pequena como Nazaré. Graças à inspiração que recebeu de Deus em sonho, José tomou a iniciativa de levar Maria para sua casa (Mt 1,24). E aí os dois conversaram, se explicaram, e, sem, ter relações com José, Maria teve um filho e José lhe deu o nome de Jesus (Mt 1,25).B. Problemas sociais e políticos.O nascimento de Jesus foi um novo problema. Foram obrigados a fazer uma longa viagem quando Maria estava para dar à luz; em Belém não encontraram hospedagem, e José se preocupou de encontrar um lugar para Maria, que então deu à luz o seu filho numa manjedoura, entre animais (Lc 2,1-7). Depois o rei Herodes procura o menino para matá-lo (Mt 2,13); por isso José deve levar o menino e sua mãe para um país estrangeiro, onde não têm parentes e José deve encontrar um novo emprego. Mesmo depois da morte de Herodes, José teme de voltar, pois deve estar fichado e tem antecedentes perante a autoridade política (Mt 2, 21-22). Foram para Nazaré, um lugar pobre, onde José teve que se dedicar à sua profissão de carpinteiro para manter a família e educar o filho.C – Problemas de pais com o filho.Era filho único. Numa viagem a Jerusalém, fica na cidade sem avisar os pais (Lc 2, 41-50). Ficou porque quis, não porque se tinha perdido. Mesmo sabendo que iria dar-lhes um tremendo desgosto, Jesus não pediu permissão a seus pais. E teria sido fácil. Somente depois de três dias o encontraram no templo. Maria o repreendeu asperamente, mas ele deu uma desculpa que eles não entenderam. Até aos 13 anos o menino era um menor de idade, subordinado em tudo a seus pais. E eles eram muito rigorosos com seus filhos. A partir dos quatro anos, era o pai que assumia a responsabilidade dos filhos homens. Algumas vezes, dos 6 anos 12 anos, o pai mandava os filhos aprender um ofício na casa de outros ou, até mesmo, vendia a filha como escrava. O pai podia dar as filhas em casamento a quem ele quisesse. Era o pai que orientava não só a vida social e econômica de seus filhos, mas até mesmo a vida religiosa. Por isso, o que Jesus fez foi algo inusitado naquela sociedade e numa boa família. Diferentemente de qualquer pai deste mundo, que lhe teria dado uma merecida surra, José ficou calado, talvez se perguntando se o filho não era já um adulto responsável, com coragem e capacidade de tomar iniciativas por conta própria. Foi Maria quem perdeu a paciência, a calma e repreendeu instintivamente o filho. Sim, deve ter ficado também ele pensativo e, como Maria, não entendeu totalmente e estranhou um pouco aquela atitude singular e, por isso, guardou essas coisas todas no seu coração, interrogando-se sobre o significado daquela expressão “Vocês não sabiam que devo estar na casa de meu Pai?”. 3. O que Jesus aprendeu na escola de José?A resposta que Jesus deu à sua mãe, quando ela, desgostada e sofrendo, lhe fez a observação “Meu filho, por que você fez isso conosco” foi: “Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?” (Lc 2, 48-49). Somos capazes hoje de entender esta resposta de Jesus?Jesus deu a Maria e a José uma resposta dizendo que deve estar na casa de seu Pai, que deve se ocupar das coisas de seu Pai. Foi certamente com José que Jesus aprendeu a dar prioridade às coisas do Pai. E quando estava com doze anos de idade – a adolescência-maioridade naquele tempo – Jesus quis fazer essa afirmação prática da necessidade de colocar Deus em primeiro lugar, embora sem desobedecer aos pais terrestres; de fato o evangelho continua explicando que “Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e permaneceu obediente a eles” (Lc 2, 51). Deus, nosso Pai, é o único absoluto que existe em nossa vida. Os pais não geram os filhos para si, mas para o mundo e para Deus. E se, na minha consciência, entrarem em conflito a vontade de Deus e a vontade dos homens (sejam eles pais ou autoridades) é a Deus que devo obedecer e não aos homens.É claro que este nosso Deus não é uma pessoa qualquer. É aquele Deus para o qual nós, seus filhos, somos o que ele mais ama. É aquele Deus para o qual é impossível deixar de amar-nos, que sempre nos quer bem, que sempre está a nosso favor... É o Deus da vida, da verdadeira felicidade!É por isso que Jesus certo dia dirá a todos os cristãos: “A ninguém na terra chameis “Pai”, pois um só é vosso Pai, aquele que está no Céu” (Mt 23,9). A autoridade e domínio dos pais deste mundo não é intocável. A última palavra não cabe a esses pais, mas ao Pai do céu. E nosso Pai do céu nos fala de muitas maneiras. Também através de conselhos e do exemplo de outros “pais” ou conselheiros. Mas a última palavra cabe a ele, através daquilo que nos dita a nossa consciência de cristãos.O comportamento rebelde de Jesus está ainda a significar que existe uma idade (mais ou menos identificada com a adolescência-juventude) em que os filhos precisam começar a se libertar do jugo dos pais para começarem a pensar com a própria cabeça, a construir o próprio futuro de acordo com suas potencialidades, desenvolvendo os próprios talentos. Se esse tempo (freqüentemente indefinível) for retardado, poderemos ter filhos que se tornam adultos sempre dependentes ou medrosos ou infantis ou sem criatividade ou perenemente inconstantes. Os pais devem facilitar essa independência lenta mas constante dos filhos, embora nos dias de hoje não seja fácil reconhecer quando essa atitude de amadurecimento está nos limites ou saiu do controle dos pais e passou a ser dependência de forças mais perigosas. Sabemos, porém, que esse é o único caminho capaz de gerar homens e mulheres fortes, corajosos e capazes de construir o próprio futuro e de colaborar para um mundo melhor. Esse comportamento humano, Jesus o aprendeu certamente com José, um homem “justo”, provavelmente comedido em palavras, mas muito claro e definido em gestos e atitudes. 4. A paternidade de José na “Redemptoris Custos” (n. 7.8.16): Ler e comentar.5. Da Carta Pastoral de S. José Marello sobre a educação dos filhos:É uma Carta Pastoral redigida em fevereiro de 1892 e revela muito da alma e do estilo de educador do Marello. No seu entender, a verdadeira formação dos jovens deve conjugar inteligência e coração, compreensão e firmeza, abertura e segurança. Eis um breve esquema da Carta, naquilo que nos interessa:A – os filhos são um depósito sagrado confiado por Deus;B – têm direito à preocupação dos pais e ao desenvolvimento corporal e espiritual;C – educar é iluminar com a luz da verdade, aquecer com o fogo do divino amor e guiar pelos caminhos da salvação;D – não só instrução escolar, mas também instrução religiosa na catequese e com a pregação;E – meio de instrução: o catecismo católico;F – os pais são os primeiros responsáveis pela educação com a instrução e com os bons exemplos;G – importância da vigilância sobre si mesmos e sobre os filhos, em casa e fora de casa;H – o amor não dispensa a correção; mas nunca um rigor excessivo, que causa ódio;I – pistas para a educação dos filhos:- conjugar indulgência e repreensão- discrição e prudência com a severidade- conhecer a psicologia dos filhos e adaptar-se a eles- discernimento entre culpa e culpa- corrigir com justiça e amor- contemperar louvores e admoestações- saber encorajar e compensarJ – Problemas difíceis na educação: - o mal nunca é sem remédio- revigorar a fé em Deus- valorizar a oração (sem nunca desistir) para si e para os filhos.NB. Dependendo do tempo à disposição, ler alguns trechos da Carta Pastoral:Páginas sublinhadas: 51, 53, 54-55, 55, 57, 57-58, 59, 61.Para refletir e responder:1 – Quais foram as maiores dificuldades que a Família de Nazaré enfrentou?2 – Quais são os valores humanos e cristãos que as famílias estão perdendo?3 – Quais os conselhos que você daria a um pai para melhor educar seus filhos?4 – O que lhe parece ainda atual na Carta do Marello?
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Capítulo 2 - A Procedência de José

Capítulo 2. A PROCEDÊNCIA DE JOSÉDe São José, na verdade, sabemos muito pouco. Não temos referência sobre o ano nem sobre o lugar do seu nascimento, não sabemos o nome da sua mãe. E existem controvérsias a respeito do nome do seu pai. Os evangelistas Mateus e Lucas o apresentam como descendente do rei Davi (Mt 1, 1-16,20. Lc 1, 27; 2, 4 ; 3,23-31).No entanto, há uma divergência na genealogia que ambos os evangelistas trazem, pois Mateus percorre, todo o caminho da sua ascendência chegando a Jacó (Mt 1.16), enquanto Lucas diz que ele é filho de Levi (Lc 3.23). Esta questão não chegou até hoje a uma solução satisfatória por parte dos exegetas. Em todos os casos a função da genealogia é justamente fazer Jesus entrar na história humana e documentar que o Verbo se fez carne na linhagem davídica. O intuito do evangelista Ma-teus é fazer ver a sucessão legal, respeitando os direitos messiânicos de Davi a Jesus . Lucas, do seu lado, quer indi-car a sucessão natural de Jesus. O melhor esclarecimento a respeito dessas duas posições podemos fazer, levando em conta a Lei do Levirato expressa no livro do Deuteronômio (Dt 25, 5-10) ela estabelece que a mulher que ficasse viúva devia tornar-se esposa do irmão do esposo falecido, e o pri-meiro filho desse casamento era considerado filho legal do primeiro marido e filho natural do segundo marido. Com is-so, podemos salvar tanto a sucessão legal como a natural de Jesus.Além das referências sobre a sua pessoa, podemos ainda a-firmar que José era esposo de Maria (Lc 1, 27), que era justo (Mt 1,9) e que era conhecido como carpinteiro (Mt 13,55 ; Jo 1,15). Sobre a sua família possuímos ainda uma referência de Egesipo, o qual afirma que ele tinha um irmão chamado Cléo-fas (Eusébio, Hist. Eccl 3.11, em PG XX, col. 248) . Perten-cente à antiga dinastia de Davi, como afirmamos, José viveu em Nazaré (Lc 1, 26; Mt 2,23) durante toda a sua vida, menos, é claro no breve período que passou exilado no Egito, para garantir a segurança da sua família (Mt 2, 13-21). Não sabemos se nasceu em Nazaré, porém achamos com grande probabilidade que sim, pois ali viveu toda a sua vida.Contudo, podemos afirmar com segurança que, segundo o costume da época, foi circuncidado no oitavo dia depois do nascimento e recebeu o nome de José, que significa "cres-cimento, aumento" , e ainda criança aprendeu a ler o hebraico da Torá.Seu país, a Palestina, onde hoje se situa o território de Israel, localiza-se na parte oriental do mar Mediterrâneo, e é formado por uma longa faixa de terra de 240 por 150 quilômetros qua-drados.Possui uma planície de terras ricas e férteis, montanhosa e de caminhos sinuosos, com desertos desoladores em contraste com colinas verdejantes e oásis exuberantes, marcados pela presença imponente do rio Jordão e do lago de Genesaré, a cuja beleza se opõe o inóspito mar Morto. Sua área monta-nhosa com colinas de 500 a 900 metros, espalha-se pelas suas três regiões características, denominadas Galiléia, Sa-maria e Judéia.O rio Jordão, que forma no seu percurso o lago de Genesaré, também conhecido como mar da Galiléia pela sua profundi-dade de até 45 metros com 2 quilômetros de comprimento por 11 de largura, é um rio muito importante na vida do povo he-breu, pois foi palco de inúmeros e relevantes acontecimentos na vida desse povo. Basta lembrar que em suas margens o profeta João Batista pregava a conversão e batizava, em su-as águas o próprio Jesus foi batizado.Após percorrer 350 quilômetros, ele deságua no mar Morto, o qual possui uma extensão de 85 quilômetros com aproxima-damente 16 quilômetros de largura, atingindo uma profundi-dade de até 400 metros. Suas águas são densas de sal, o que não permite nenhum tipo de vida.A Palestina de José é herdeira de uma história de muitos sé-culos antes do nascimento de Jesus, marcada por lutas, con-quistas, derrotas, monarquias, deportações e exílios. Esteve envolvida por uma densa atmosfera política. E por uma ânsia de libertação, e alimentou sempre uma fé intensa em Javé, embora freqüentemente contaminada por idolatrias e infideli-dades.São José nasceu na época da dominação romana. De fato, desde o ano 63 antes de Cristo, o seu povo vivia sob o jugo dos romanos, que introduziram na Palestina muitas novidades e progresso, particularmente construções imponentes, assim como os seus ídolos e templos profanos para cultuar seus deuses, o que constituía uma afronta ao povo de José, que se julgava o único conhecedor do Deus verdadeiro. Esse comportamento dos dominadores romanos, bastante eclético e incompatível com as aspirações dos hebreus, gerou muitas revoltas, guerrilhas e revoluções armadas por parte de fac-ções do povo, sempre com o intuito de libertar-se da domina-ção estrangeira.Mas, se tantas adversidades contrastavam na vida deste po-vo, algo muito especial os unia: o Templo de Jerusalém. Era em volta dele que girava a vida religiosa, social e política dos hebreus. Foi construído pelo rei Salomão no século X antes de Cristo, destruído por Nabucodonosor em 516 antes de Cristo, reconstruído por Zorobabel, e depois novamente des-truído por Herodes por volta do ano 20. a.C., quando José já era adolescente, para que outro mais suntuoso e rico ocu-passe o seu lugar. Esse último só ficou pronto no ano 64 a. C.José, fruto do seu tempo, estava envolvido por esta atmosfera mística e ao mesmo tempo tensa. Conhecia bem o Templo e, como hebreu, oferecia os seus sacrifícios a Deus. O átrio do edifício sagrado era palco todos os dias, desde manhã bem cedo, de sacrifícios e imolações de animais, que ocupavam todos os altares, construídos em grande blocos de pedra. Como bom hebreu, José pagava 10% de imposto ao Templo, taxa que era destinada a sustentar os 20 mil funcionários, do mais alto grau sacerdotal ao empregado mais humilde, que ali prestava serviços. José tinha consciência das distinções de classe e do modo de pensar da sua sociedade. Percebia a existência de uma hierarquia e sabia que no topo da pirâmide social se encontrava a classe dos saduceus, um grupo pode-roso, constituído pelas pessoas mais influentes e ricas, que eram sacerdotes e administradores do Templo. Esse grupo era intransigente na observância da Lei Mosaica e contrário às mudanças, sobretudo aquelas que pudessem afetar a sua po-sição na sociedade. Gozava de privilégios, pois colaborava com os romanos. Apreciava a ordem externa e zelava pela conservação do Templo e pelo funcionamento ritualista dos sacrifícios.Questões para o aprofundamento pessoal1.Qual era sua nacionalidade e seu país?2.O que significa a palavra José?3.Descreva o país de José?

Parte 1 - Capítulo 2 - A Procedência de José

Capítulo 2. A PROCEDÊNCIA DE JOSÉDe São José, na verdade, sabemos muito pouco. Não temos referência sobre o ano nem sobre o lugar do seu nascimento, não sabemos o nome da sua mãe. E existem controvérsias a respeito do nome do seu pai. Os evangelistas Mateus e Lucas o apresentam como descendente do rei Davi (Mt 1, 1-16,20. Lc 1, 27; 2, 4 ; 3,23-31).No entanto, há uma divergência na genealogia que ambos os evangelistas trazem, pois Mateus percorre, todo o caminho da sua ascendência chegando a Jacó (Mt 1.16), enquanto Lucas diz que ele é filho de Levi (Lc 3.23). Esta questão não chegou até hoje a uma solução satisfatória por parte dos exegetas. Em todos os casos a função da genealogia é justamente fazer Jesus entrar na história humana e documentar que o Verbo se fez carne na linhagem davídica. O intuito do evangelista Ma-teus é fazer ver a sucessão legal, respeitando os direitos messiânicos de Davi a Jesus . Lucas, do seu lado, quer indi-car a sucessão natural de Jesus. O melhor esclarecimento a respeito dessas duas posições podemos fazer, levando em conta a Lei do Levirato expressa no livro do Deuteronômio (Dt 25, 5-10) ela estabelece que a mulher que ficasse viúva devia tornar-se esposa do irmão do esposo falecido, e o pri-meiro filho desse casamento era considerado filho legal do primeiro marido e filho natural do segundo marido. Com is-so, podemos salvar tanto a sucessão legal como a natural de Jesus.Além das referências sobre a sua pessoa, podemos ainda a-firmar que José era esposo de Maria (Lc 1, 27), que era justo (Mt 1,9) e que era conhecido como carpinteiro (Mt 13,55 ; Jo 1,15). Sobre a sua família possuímos ainda uma referência de Egesipo, o qual afirma que ele tinha um irmão chamado Cléo-fas (Eusébio, Hist. Eccl 3.11, em PG XX, col. 248) . Perten-cente à antiga dinastia de Davi, como afirmamos, José viveu em Nazaré (Lc 1, 26; Mt 2,23) durante toda a sua vida, menos, é claro no breve período que passou exilado no Egito, para garantir a segurança da sua família (Mt 2, 13-21). Não sabemos se nasceu em Nazaré, porém achamos com grande probabilidade que sim, pois ali viveu toda a sua vida.Contudo, podemos afirmar com segurança que, segundo o costume da época, foi circuncidado no oitavo dia depois do nascimento e recebeu o nome de José, que significa "cres-cimento, aumento" , e ainda criança aprendeu a ler o hebraico da Torá.Seu país, a Palestina, onde hoje se situa o território de Israel, localiza-se na parte oriental do mar Mediterrâneo, e é formado por uma longa faixa de terra de 240 por 150 quilômetros qua-drados.Possui uma planície de terras ricas e férteis, montanhosa e de caminhos sinuosos, com desertos desoladores em contraste com colinas verdejantes e oásis exuberantes, marcados pela presença imponente do rio Jordão e do lago de Genesaré, a cuja beleza se opõe o inóspito mar Morto. Sua área monta-nhosa com colinas de 500 a 900 metros, espalha-se pelas suas três regiões características, denominadas Galiléia, Sa-maria e Judéia.O rio Jordão, que forma no seu percurso o lago de Genesaré, também conhecido como mar da Galiléia pela sua profundi-dade de até 45 metros com 2 quilômetros de comprimento por 11 de largura, é um rio muito importante na vida do povo he-breu, pois foi palco de inúmeros e relevantes acontecimentos na vida desse povo. Basta lembrar que em suas margens o profeta João Batista pregava a conversão e batizava, em su-as águas o próprio Jesus foi batizado.Após percorrer 350 quilômetros, ele deságua no mar Morto, o qual possui uma extensão de 85 quilômetros com aproxima-damente 16 quilômetros de largura, atingindo uma profundi-dade de até 400 metros. Suas águas são densas de sal, o que não permite nenhum tipo de vida.A Palestina de José é herdeira de uma história de muitos sé-culos antes do nascimento de Jesus, marcada por lutas, con-quistas, derrotas, monarquias, deportações e exílios. Esteve envolvida por uma densa atmosfera política. E por uma ânsia de libertação, e alimentou sempre uma fé intensa em Javé, embora freqüentemente contaminada por idolatrias e infideli-dades.São José nasceu na época da dominação romana. De fato, desde o ano 63 antes de Cristo, o seu povo vivia sob o jugo dos romanos, que introduziram na Palestina muitas novidades e progresso, particularmente construções imponentes, assim como os seus ídolos e templos profanos para cultuar seus deuses, o que constituía uma afronta ao povo de José, que se julgava o único conhecedor do Deus verdadeiro. Esse comportamento dos dominadores romanos, bastante eclético e incompatível com as aspirações dos hebreus, gerou muitas revoltas, guerrilhas e revoluções armadas por parte de fac-ções do povo, sempre com o intuito de libertar-se da domina-ção estrangeira.Mas, se tantas adversidades contrastavam na vida deste po-vo, algo muito especial os unia: o Templo de Jerusalém. Era em volta dele que girava a vida religiosa, social e política dos hebreus. Foi construído pelo rei Salomão no século X antes de Cristo, destruído por Nabucodonosor em 516 antes de Cristo, reconstruído por Zorobabel, e depois novamente des-truído por Herodes por volta do ano 20. a.C., quando José já era adolescente, para que outro mais suntuoso e rico ocu-passe o seu lugar. Esse último só ficou pronto no ano 64 a. C.José, fruto do seu tempo, estava envolvido por esta atmosfera mística e ao mesmo tempo tensa. Conhecia bem o Templo e, como hebreu, oferecia os seus sacrifícios a Deus. O átrio do edifício sagrado era palco todos os dias, desde manhã bem cedo, de sacrifícios e imolações de animais, que ocupavam todos os altares, construídos em grande blocos de pedra. Como bom hebreu, José pagava 10% de imposto ao Templo, taxa que era destinada a sustentar os 20 mil funcionários, do mais alto grau sacerdotal ao empregado mais humilde, que ali prestava serviços. José tinha consciência das distinções de classe e do modo de pensar da sua sociedade. Percebia a existência de uma hierarquia e sabia que no topo da pirâmide social se encontrava a classe dos saduceus, um grupo pode-roso, constituído pelas pessoas mais influentes e ricas, que eram sacerdotes e administradores do Templo. Esse grupo era intransigente na observância da Lei Mosaica e contrário às mudanças, sobretudo aquelas que pudessem afetar a sua po-sição na sociedade. Gozava de privilégios, pois colaborava com os romanos. Apreciava a ordem externa e zelava pela conservação do Templo e pelo funcionamento ritualista dos sacrifícios.Questões para o aprofundamento pessoal1.Qual era sua nacionalidade e seu país?2.O que significa a palavra José?3.Descreva o país de José?

: Curso de Josefologia - Parte 1 - Capítulo 10 - Vida em Nazaré e a permanência de Jesus no Templo

Neste mistério salvífico da fuga para o Egito, “José, depositá-rio e cooperador do mistério providencial de Deus, também no exílio vela por Aquele que vai tornar realidade a Nova Aliança’ (RC 14). Ali ele foi instrumento do qual Deus se serviu para “chamar do Egito o seu Filho”Terminada todas as vicissitudes e contratempos, de regresso do exílio José estabeleceu-se com a sua família na pequena Nazaré e retomou as suas atividades de artesão. Afinal, era esta a sua profissão. De volta ao seu ambiente, tudo se torna-ra mais fácil. Portanto, dificilmente teria encontrado dificuldade em retomar os seus trabalhos na aldeia e nas vizinhanças, pois embora não fosse um homem de cátedra, era muito práti-co e capaz de, nas ocorrências da vida, tomar decisões não só no que se referia a si mesmo, como também aos outros. A sua profissão fazia dele um homem bastante conhecido entre os nazarenos, e o período que passou longe da sua terra, sem manter contato com os parentes e conterrâneos, não foi sufi-ciente para apagar da memória do povo a imagem daquele homem completo, com sua personalidade rica e responsável em seus deveres.Sua pequena oficina, que permaneceu por um bom tempo fechada, empoeirada e desapercebida, começava novamente a ser o ponto de encontro das pessoas, o ponto de referência para muitos da cidade e da região circunvizinha. Muito mais que isso, era o palco sublime da presença de Jesus criança e iniciante na arte, da carpintaria. De novo o barulho da serra e do martelo passava a chamar a atenção dos transeuntes e a dar tom de vida mais movimentada à pacata cidadezinha.Como antes, as mãos habilidosas do carpinteiro de Nazaré eram requisitadas não só para fabricar uma mesa ou um par de cadeiras, mas também para abrir uma valeta no quintal de um vizinho, consertar uma porta ou uma janela numa das poucas centenas de casas pobres do lugarejo, ou ainda tra-çar com maestria e habilidade os fundamentos de uma nova construção.Desta maneira, o dia-a-dia de José começava a tomar nova-mente o seu ritmo, junto com a sua castíssima esposa e o seu filho, que “crescia robusto, cheio de sabedoria, pois a graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40).Como qualquer criança de seu tempo, Jesus queria crescer, e por isso observava com atenção o comportamento do pai e da mãe e se espelhava nos seus exemplos para tornar-se como eles. Será um aluno atento na carpintaria como esmero e manejo da serra e as pancadas certeiras do martelo. Sentir-se-á feliz aos sábados, ao deixar a labuta da oficina ou os bancos da escola para acompanhar o pai à sinagoga, ficará admirado ao seguir com atenção seus gestos e suas inclina-ções na casa de oração, sentira orgulho dele ao vê-lo enca-minhar-se para frente na sinagoga, pegar o pergaminho da palavra de Deus nas mãos e proclamar em voz alta e altisso-nante a todos os presentes a palavra do Senhor.Será no convívio com os pais que aprenderá o que é neces-sário para a vida, mas será também na sinagoga, lugar rico em ensinamentos, que irá entender muitas coisas. Atraído por sua curiosidade de criança, saberá que a pequena lâmpada, sempre acesa diante do armário que guarda sigilosamente os pergaminhos da Sagrada Escritura, simboliza a luz da lei divi-na ali presente que ilumina todos os homens. Será na fre-qüência à sinagoga que compreenderá que as estrelas de seis pontas significam o emblema do seu antepassado Davi, o grande rei que escreveu salmos belíssimos, muitos dos quais já sabia de cor, pois tinha aprendido em casa nos joelhos de Maria, sua mãe, ou na companhia do pai na carpintaria.Será na sua família, pequena escola de Nazaré, que Jesus aprenderá a rezar e santificar o dia elevando o pensamento a Deus com as orações costumeiras do israelita. José e Maria, cientes da educação devida ao filho, não se limitarão a trans-mitir ensinamentos a Jesus apenas em casa, mas seguramen-te o encaminharão todos os dias a uma escola sinagogal, on-de terá como livro os textos sagrados e como professor um rabi. Na escola aprenderá a recitar em voz alta o Shemá, a fórmula fundamental da fé do seu povo, assim como aprende-rá longos trechos do Pentateuco. Em casa, aos poucos, en-tenderá os episódios, da história do seu povo, e como toda criança começará a amar os seus heróis estudados nos textos sagrados, como os Profetas, o poderoso José do Egito, Moi-sés o grande libertador e líder que conduziu o povo da es-cravidão do Egito pelo deserto por quarenta anos até a terra prometida, e Davi, que na sua simplicidade abateu o gigante Golias...Com José Jesus irá aos poucos aprendendo o significado das grandes festas religiosas do seu povo que eram celebradas durante o ano (Era costume entre os hebreus visitar Jerusa-lém três vezes ao ano: nas festas da Páscoa, de Pentecostes e dos Tabernáculos. Os que moravam longe de Jerusalém tinham a obrigação de uma só viagem, justamente para os festejos da Páscoa). Quando já havia completado 12 anos, teve a oportunidade de participar pela primeira vez dos feste-jos da Páscoa na cidade santa de Jerusalém. Levar o filho pela primeira vez para participar oficialmente do culto ao ver-dadeiro Deus era motivo de muita alegria para todos os pais. As cerimônias desses dias tinham um significado muito pro-fundo. José, a exemplo de outras famílias de sua cidadezinha, preparou tudo para fazer a peregrinação a Jerusalém, comida para a viagem, tenda para pernoitar, afinal eram quatro dias de viagem pelos montes de Judá, percorrendo em média 35 quilômetros por dia, além do burrinho para transportar tudo. Chegados a Jerusalém, estes simples aldeões de Nazaré pu-deram admirar o palácio de Herodes com suas torres e muros, o formalismo dos fariseus e sobretudo espantar-se com o ex-traordinário número de peregrinos, fazendo com que a popu-lação, que normalmente era 78 mil, passasse para 150 mil ou mais pessoas. Tudo ali se confundia: costumes, língua e gen-te diferente misturada com pobres, doentes, coxos e cegos que aproveitavam os festejos para mendigar. No dia do início dos festejos José estava lá acompanhando Jesus, na parte do pátio do Templo reservada aos homens.Terminados os festejos, que se prolongavam mais dias, era tempo de voltar para casa. Os peregrinos de Nazaré se reú-nem para em caravana empreender a viagem de retorno, subdivididos em grupos de homens e mulheres. Jesus, porém, ficou na cidade, entre os pórticos do Templo, sem que seus pais percebessem, e ouvia os ensinamentos dos rabinos. Sua ausência na caravana foi notada quase depois de um dia de viagem, quando devem ter parado para descansar junto à fon-te de Berot. Imediatamente os seus pais voltam a Jerusalém e o procuram por todos os lados, até que o encontram entre os doutores. Sua mãe, apreensiva, perguntou-lhe: “Filho, por que você procedeu assim com a gente? Seu pai e eu está-vamos bastante aflitos procurando você". (Lc 2,48). Nestas palavras de Maria fica evidenciada a paternidade real de José; não só os que ignoravam a divindade e a concepção admirá-vel de Cristo chamam José de pai de Jesus, afirma Suárez, mas o próprio evangelista e também a Virgem Maria (Misté-rios de la vida de Cristo, Madrid, 1958, Vol I, pp. 263-264). Comumente a iconografia apresentou este fato ocorrido aos doze anos da vida de Jesus como “A perda de Jesus de Jeru-salém”, porém seguramente não foi uma perda de Jesus entre a multidão que se apinhava em Jerusalém naqueles dias, mas sim uma decisão livre e espontânea do próprio Jesus... Ele mesmo quis permanecer lá, e não foi por um descuido de seus pais. Devemos notar que, aos doze anos, os adolescen-tes israelitas começavam a gozar uma certa autonomia e já eram considerados socialmente. Assim, não foi difícil para Je-sus conseguir o seu intento, mesmo porque os adolescentes podiam acompanhar tanto o pai como a mãe em caravanas separadas, as quais se encontravam somente em alguns pon-tos preestabelecidos. Portanto, nem José nem Maria podiam imaginar que Jesus tivesse ficado em Jerusalém.Depois de encontrá-lo, Jesus desceu com eles para Nazaré e, no seio da Sagrada Família, uma das tantas famílias desta pequena cidade da Galiléia, crescia e “robustecia-se de sa-bedoria, e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40). Estas poucas palavras resumem o longo período da vida “ oculta” que Jesus viveu à espera do cumprimento da sua missão messiânica. Durante todo esse período, Jesus viveu no âmbito da sua família, sob os cuidados de São José, que tinha con-forme os deveres de um pai na época, a responsabilidade de alimentá-lo, vesti-lo e instruí-lo na lei e ensinar- lhe um ofício. Nesse contexto, Jesus crescia “em sabedoria, em estatura e em graça” (Lc 2,52), tudo na docilidade total aos seus pais “era-lhes submisso” (Lc 2,51). Correspondia portanto, com todo respeito às atenções de seus pais e, “dessa forma, quis santificar os deveres da família e do trabalho, que ele próprio executava ao lado de José” (João Paulo II, Exortação Apostó-lica Redemptoris Custos, Roma, 1989 - RC 16).Os evangelistas silenciam completamente sobre os anos da “vida oculta” de Jesus em Nazaré. Sabemos apenas que le-vou uma vida comum, não apresentando nada de especial entre os habitantes da sua cidade. Na oficina de José, acom-panhou os acontecimentos por vezes tumultuados da história do seu povo, cujo governador, Arquelau, destacava-se pela crueldade, mostrando ter um braço forte para governar. Seu comportamento tirano gerava rebeldia, movimentos de revolta comandados por líderes espontâneos que se estendiam por toda a Judéia. Aspirava como qualquer cidadão do seu tempo a uma verdadeira e completa libertação, que depois iria pregar com toda veemência pelas terras da Palestina.A instabilidade política reinante no país e o descontentamen-to do povo com o domínio dos romanos marcaram profunda-mente as etapas da vida de Jesus adolescente e jovem. Con-tudo, todos esses anos foram acompanhados pelos constan-tes e sábios conselhos de José educador. Ali, na casa de Na-zaré, José transmitia ao filho a sua experiência profissional e humana.Questões para o aprofundamento pessoal1.Leia e tome conhecimento do relato de Mt 2,19-23. Para onde a Sagrada Família dirigiu-se depois do exílio? O que José passou a fazer após este acontecimento? Como po-demos individuar a sua profissão2.Qual o episódio marcante de Jesus na vida de José e Ma-ria durante a vivência em Nazaré e em que passagem de Lucas Maria evidencia a paternidade de José sobre Jesus?

Capítulo 9 - A fuga, a permanência e a volta do Egito

O relato da fuga e da permanência da Sagrada Família no Egito é um particular, que devemos à pena do evangelista Ma-teus. Neste relato Mateus mostra José no exercício de seus direitos e de suas funções de chefe da Sarada Família. É a ele e que anjo do Senhor aparece, é a ele que o anjo fala, é a ele que vem comunicada a destinação, é a ele que será depois revelada o tempo da volta para Nazaré.Depois de ter cumprido todas essas prescrições legais, con-forme o costume da época, José sem dúvida pensava que era hora de voltar para sua casa, para o seu trabalho do dia-a-dia, mas o evangelista Mateus descreve que, antes da volta para a Galiléia, haverá um outro fato muito importante, onde a Provi-dência divina recorrerá novamente a ele. Através da comuni-cação em sonho por um anjo, é-lhe indicado o Egito como me-ta temporária de fuga, ou seja, até que Herodes morresse. Neste detalhe da fuga e permanência da Sagrada Família no Egito, descrito por Mateus, lemos: “Levanta-te, toma o meni-no e sua mãe e foge para o Egito e fica lá até eu te avisar, porque Herodes está procurando o menino para o matar” (Mt 2,13). A ordem de Deus para se exilar com a família foi cum-prida por José imediatamente e com perfeição. “De noite, to-mou o menino e sua mãe e retirou-se para o Egito, onde ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia anunciado por meio do profeta: “Do Egito chamei o meu filho” (2,14-15). Ainda de noite ele empreende a viagem rumo ao desconhecido, seguindo o mesmo destino de Abraão, que se refugiou neste país, e de José do Egito, foi salvo ali das mãos de seus irmãos. Havia muito chão a percorrer, era necessário muita coragem e confiança em Deus, diante da ordem divina de que se exilassem nessa terra estrangeira, pois ali estariam em segurança, e seria dali, daquele país famoso por suas tra-dições, suas cidades cheias de monumentos solenes e com seus centros culturais e comerciais, que o Senhor seria cha-mado, como o profeta havia anunciado: “Do Egito chamei o meu filho” (Os 11,1). É por esse motivo que Mateus vê na fuga ao Egito e depois na volta da Sagrada Família à Nazaré, o cumprimento da verdadeira libertação prefigurada pelo antigo Egito e individualizada na expressão de Oséias citada acima.Na fuga para o Egito, o evangelista se compraz em mostrar o nosso Patriarca exercendo suas funções e direitos de chefe da família que lhe foram confiados. É para ele que o anjo apa-rece, é com ele que o anjo fala, é a ele que é comunicado o lugar onde devem ir e será depois a ele que o anjo transmitirá o anúncio de retorno à terra de origem.Deve-se ressaltar também a palavra “Egito” é uma localidade conhecida no AT não tanto por ser o refúgio dos Patriarcas e de outros personagens, mas sobretudo pelo lugar da dura es-cravidão do povo hebraico, da qual só o intervento divino pode libera-lo. Jesus é considerado por Mateus o verdadeiro Moi-sés, pois assim como Moisés acompanhou o povo hebraico até a terra prometida, Jesus o supera entrando na terra de Israel (Mt 2,20-21). O Papa João Paulo II colheu esta intenção de Mateus ao afirmar que: “Assim como Israel tinha tomado o caminho do êxodo, ‘da condição de escravidão’ para iniciar a Antiga Aliança, assim José, depositário e cooperador do mis-tério providencial de Deus, também no exílio vela por Aquele que vai tornar realidade a Nova Aliança”. (RC 14).Neste mistério também José foi o ministro da salvação fazen-do escapar da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, co-mo rezamos na oração composta por Leão XIII. Eis um motivo a mais para confiar no Patrocínio de São José, pois ainda hoje temos muitas razões para recomendar a São José cada ser humano, como nos ensina o documento Redemptoris Custos (N 31).O evangelista nos relata com poucas palavras esta fuga para um país estrangeiro, não entrando em detalhes, não indicando o tempo e nem a forma da viagem, nem tampouco descreven-do as circunstâncias do trajeto. Limita-se a contar-nos o es-sencial, e o essencial é que Herodes procurava matar o meni-no Jesus. A atitude de Herodes não era estranha, pois já ha-via mandado matar outras pessoas consideradas seus rivais. Esse tirano não era benquisto pelo povo, e quando morreu, aos 69 anos, os judeus comentavam aos cochichos que ele tinha se “apoderado do trono como uma raposa, reinado como um tigre e morrido como um cachorro”. Mandar matar todas as crianças do sexo masculino, com menos de dois anos de ida-de, residentes na pequena aldeia de Belém e adjacências, tinha sido um de seus últimos atos infames, bem condizente com o seu mau caráter.Para buscar a liberdade em outras terras, a Sagrada Família teve que empreender uma viagem penosa e arriscada, pois o Egito não ficava perto. Para atingi-lo era preciso fazer uma caminhada de cerca de 400 quilômetros. É descartada a pos-sibilidade de que tenham feito essa travessia pelo deserto so-zinhos. Certamente serviram-se de pessoas que conheciam esse trajeto para chegar ao objetivo, pois, além do cansaço da caminhada, havia escassez de água, falta de segurança etc. Mesmo os soldados romanos, equipados e treinados para longas caminhadas, preferiam combater a atravessar aquele deserto, conforme relatou Plutarco.Os acontecimentos durante a viagem pelo deserto não nos foram relatados, portanto não existe nada que possa satisfa-zer a nossa curiosidade. Só existem piedosas e graciosas lendas, descritas com imagens poéticas pelos apócrifos (Os apócrifos são escritos da mesma época dos escritos bíblicos, ou um pouco posteriores, mas não são tidos como inspira-dos, portanto não estão incluídos no cânon oficial. Receberam a denominação de apócrifos, ou seja, ocultos, secretos, es-condidos, porque não eram de uso público, ou seja, não e-ram usados oficialmente na liturgia e no ensino). Algumas dessas lendas encontradas no evangelho apócrifo do Pseudo Mateus e no evangelho Árabe da Infância, relatam que ani-mais ferozes os acompanhavam no deserto, que bois e ou-tros animais lhes traziam o que era necessário, ou que árvo-res se inclinavam enquanto o Menino Jesus passava, ou ain-da, que árvores secas, sem folhas, tornavam-se frondosas para abrigá-los em suas sombras. Claro que a Providência Divina não deixou de socorrê-los nessa caminhada. Assim, árvores e palmeiras que se inclinavam para lhes fornecer fru-tos ou que faziam jorrar água fresca para matar a sede não passam de fantasia dos apócrifos.Entretanto, a lenda que teve maior repercussão na iconografia e na literatura encontra-se no Pseudo Mateus, nos capítulos 22 e 24. Ele narra que, “enquanto estavam conversando, vi-ram á sua frente os montes do Egito e suas cidades. Com a-legria chegaram aos limites de Ermópolis, e entraram em uma cidade do Egito chamada Sotine".Como não houvesse ali nenhum conhecido em cuja casa pu-dessem hospedar-se, entraram no templo denominado Capitó-lio do Egito."Nesse templo haviam sido colocados 365 ídolos, aos quais cada dia se atribuíam sacrilegamente honras de divindades. Ora, aconteceu que, ao entrar a beatíssima Maria com a cri-ança no templo, todos os ídolos caíram por terra, ficando completamente estragados e quebrados; assim demonstraram evidentemente que não eram nada”. Prosseguindo a narrativa, diz que “então Afrodísio, governador da cidade, ao saber do ocorrido, dirigiu-se ao templo com todo o seu exército. Os pontífices do templo, ao ver Afrodísio correr ao templo com todo o exército, pensavam que se vingaria daqueles que ha-viam feito os deuses caírem por terra. Mas ele, ao entrar no templo, vendo todos os ídolos prostrados no chão, aproxi-mou-se de Maria e adorou o menino que ela tinha nos braços. Depois de adorá-lo, disse a todo o seu exército e aos amigos: “Se este não fosse o Deus do nossos deuses, os nossos deuses não teriam caído por terra diante dele, nem permane-ceriam prostrados na sua presença, de maneira que, tacita-mente, proclamou que é o Senhor deles. Portanto, se não fi-zermos todos, com maior cautela, o que fazemos aos nossos deuses, poderemos incorrer no perigo de sua indignação e irmos todos ao encontro da morte: como aconteceu ao Faraó rei do Egito, o qual, não dando atenção aos múltiplos prodí-gios, foi submerso ao mar com todo o seu exército. Então todo o povo daquela cidade acreditou, por meio de Jesus Cristo, no Senhor Deus".É interessante notar que esta descrição, imaginária ficou imor-talizada no mosáico da abside da basílica Santa Maria Maior de Roma, onde está representada a cena de Afrodísio. Essa mesma realidade religiosa também é lembrada na prática de piedade das “Sete dores e alegrias de São José”, que lembra a alegria de São José “ao ver cair por terra os ídolos dos e-gípcios”.Quanto ao lugar onde a Sagrada Família viveu no Egito, não é possível precisá-lo. Mateus é tão genérico neste ponto que podemos concluir que bastou José chegar à fronteira do Egito, ao sul de Gaza, em direção a Wadi Aris, para estar seguro, fora do domínio de Herodes. Contudo, são diversas as locali-dades que disputam a honra de ter hospedado a família imi-grante de Nazaré. Entre elas destacamos Heliópolis, lugarejo distante 10 quilômetros de Cairo. Também no vilarejo de no-me Matarieh, próximo do Cairo, num lugar denominado “Jar-dim de Bálsamo”; são venerados um antigo sicômoro, conhe-cido com “árvore da Virgem”, e uma fonte, cuja tradição busca uma interpretação no “Evangelho árabe da Infância”, explici-tando que a Sagrada Família se dirigiria ao sicômoro hoje chamado Matarieh e Jesus fez com que ali brotasse uma fon-te, na qual a Senhora Maria lavava as suas fraldas. Do suor de Jesus, que se espalhou, proveio o bálsamo da região (c 24). Hoje nesta localidade está erigida uma igreja dedicada à Sagrada Família. Ainda em Cairo, entre as várias igrejas edifi-cadas, uma das mais importantes é Abu Sargha, construída segundo a tradição no lugar onde morava a Sagrada Famí-lia. Outras localidades se contentam em ter a honra ao menos da estada da Sagrada Família. Entre elas citam-se Bubaste, Bilheis, Pelusio e Koskam. Os elementos convencionais nos quais essas tradições se apoiam são quase sempre uma ár-vore, uma fonte ou uma igreja com uma referência clara a len-das apócrifas.Pouco nos importa saber o lugar onde residiram o certo é que foi neste país, poderoso por causa de seus exércitos ágeis que a Providência os colocou por algum tempo, alojados pro-vavelmente em um dos bairros hebreus, situados numa cidade próxima à fronteira oriental. Numa dessas localidades os “he-breus podiam encontrar auxílio e conforto junto aos compatrio-tas que viviam naquele país, famoso por suas tradições anti-gas, por suas cidades de monumentos solenes e por seus centros culturais e comercias onde pulsava a vida do grande mundo. No ambiente onde a Sagrada Família passou a viver, assim como em todo o Oriente, iniciara-se o culto ao impera-dor e o número de ídolos era bastante elevado: adorava-se o carneiro, o abutre, o crocodilo, o falcão... Além do mais, exis-tiam um vasto domínio de magia e de superstições, especial-mente no interior”. Com a solidariedade de seus compatriotas, José encontrou um lugar para instalar-se com a sua família e deu início à no-va vida em terra estrangeira, sem despertar nenhuma atenção para os israelitas que ali viviam. Juntos, os israelitas em país estrangeiro formavam uma associação mais bem estruturada e funcional do que na sua própria pátria, pois, pressionados pelas circunstâncias, precisavam ajudar-se mutuamente para subsistir.O tempo foi passando e o exílio determinado pela Providência chegava ao fim. Segundo uma das versões mais prováveis, dois anos após a matança dos inocentes, Herodes morreu depois de uma doença dolorosa e repulsiva. Livre do tirano, o Anjo apareceu novamente em sonho a José no Egito e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e a mãe e retorna à terra de Israel... José levantou, tomou o menino e a mãe e foi para a terra de Israel. Mas, tendo ouvido que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, teve receio de ir para lá. Avisado em sonho, retirou-se para as bandas da Galiléia, indo morar numa cidade chamada Nazaré” (Mt 2,20-23). Solicito como sempre, José preparou tudo, pegou o menino e sua mãe e se pôs a caminho em direção da sua terra de origem. Voltar para a sua terra era, sem dúvida, motivo de grande ale-gria, porém o clima por lá estava tenso e semeado de discór-dia e violência. A política não andava bem as revoltas e a guerra civil havia causado muitas mortes. Arquelau, que as-sumira o governo da Judéia em lugar de seu pai Herodes da mesma forma um tirano, com sede de poder, e sua fama de atrocidades havia chegado também ao Egito. O povo acabava de sair das mãos de um sanguinário e começava a sentir na carne a dureza de um novo despotismo. José ao tomar co-nhecimento de todas essas péssimas notícias, sentiu medo e, como pai, temeu pela vida do menino. Como bom israelita, gostaria de no retorno, passar por Jerusalém, visitar o Tem-plo onde ficou distante de seus olhos durante o período de exílio e dar graças ao Senhor antes de iniciar a sua nova vida em Nazaré, mas novamente Deus fixou os rumos da sua vida, comunicando-lhe que se dirigisse diretamente a Nazaré, evi-tando assim qualquer risco de vida para o menino. Os primei-ros anos da vida de Jesus haviam sido cheios de intranqüili-dade. Agora, na pacata Nazaré, rodeado por seu ambiente familiar, José podia viver mais sossegado.É importante destacar um fato particularmente significativo nesta moldura do exílio. Tanto a ordem de refugiar-se no Egito como de retornar à pátria não foi transmitida a Maria. E sim a José, o que evidencia o reconhecimento da sua autoridade ou jurisdição paterna sobre Jesus. Neste acontecimento particu-lar, José exerceu plenamente a sua paternidade, a sua missão de chefe da Sagrada Família e esposo de Maria. Nesse fato vemos a sua participação e colaboração clara e precisa no mistério da redenção. A ele foi confiado o início da nossa re-denção, conforme rezamos na oração da coleta da missa do dia 19 de março. José foi ao mesmo tempo guarda legítimo e natural, chefe e defensor da família divina, ministério que e-xerceu durante toda a sua vida.Questões para o aprofundamento pessoal1.Leia e tome conhecimento do relato de Mt 2,13-18, além do motivo da perseguição de Herodes, qual outro o evan-gelista indica para esta fuga?2.Qual é a importância da atuação de José neste fato?3.Tome conhecimento de alguns relatos fantasiosos dos a-pócrifos durante a fuga da Sagrada Família para o Egito?

Parte 1 - Capítulo 8 - A imposição do nome a Jesus e os sonhos de José

Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, por-que ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto acon-teceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profe-ta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que se chamará Emanuel (Is 7,14), que significa: Deus conosco. Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia man-dado e recebeu em sua casa sua esposa. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus” (Mt 1,21-25)Sabemos que para o povo bíblico o nome designa a própria natureza do ser, as suas qualidades e a missão da pessoa. No livro do Gênesis (17,5) Javé trocou o nome de Abrão para Abraão porque o tornou pai de uma multidão. Dar o nome ao filho é um direito inerente à missão dos pais, pois estes exerci-tam a autoridade sobre eles, e de certo modo designam a per-sonalidade deles. De fato, Abraão deu o nome aos seus filhos Israel (Gn 16,15;); Isac (Gen 17,19); Raquel ao filho José (Gn 30,22-24); Ana ao Filho Samuel (1 Sam 1,20); Zacarias a João (Lc 1,55-64). Na verdade, nesta ótica bíblica, José ao impor o nome a Jesus, o introduziu na descendência davídica com a sua conseqüente messianidade, assim como assumiu sobre ele os direitos de pai. De fato, São João Crisóstomo coloca na boca do anjo do anúncio a José, estas palavras: “Sem bem que tu, José, não tens nada a ver com a geração... te confiro igualmente aquilo que é próprio de um pai, impor-lhe o nome; te confio Jesus para que sejas aqui na terra o seu pai” (In Matthaeum homilia IV: MG 57,46-47).Quanto aos sonhos de José, devemos afirmar que os teólogos afirmam que a historicidade da revelação comporta a possibi-lidade da manifestação de Deus em todos os níveis da criação e das realidades da vida humana, inclusive os determinismos biológicos e psicológicos. Os sonhos estão presentes na histó-ria dos Patriarcas, tais como: Abraão (Gn 15,.12); Jacó (Gn 31,10-18); José (37,5-10), etc. No NT são apresentadas situa-ções de visões mas que no contexto parecem sugerir sonhos (At 16,9; 27,23; 18,9; 23,11), além daquelas referências de Mateus, onde se descreve a vocação de José (1,18-25), A fuga para o Egito (2,13-15), A volta do Egito (2,19-23), etc.Ligado aos sonhos de José estão os anjos, os quais na men-talidade e concepção bíblica são considerados como seres do mundo celeste e mensageiros de Deus. São várias as passa-gens do NT que fazem referências aos anjos (Lc 1,11; 2,9; At 5,19; 8,26; 12,7.23; 22,43; Mt 4,11 etc.).A respeito dos sonhos de São José existem muitas interpreta-ções seja dos Padres da Igreja, seja dos teólogos. Não nos interessa aqui fazer uma explanação particular das diversas posições, basta afirmarmos que quase todos os comentadores e os teólogos, consideram o sonho como um grau inferior de manifestação divina a respeito daquela manifestação feita em estado de acordado. Em vista disso, consideram que a inferio-ridade do meio com que Deus escolheu para comunicar a Jo-sé o seu desígnio é justificado por uma minimização da exi-gência do caso, ou seja, visto que José conhecia a inocência de Maria, era de se considerar suficiente qualquer leve insinu-ação para acreditar que a Virgem tivesse concebido Jesus, o Filho de Deus, e que o seu ventre estava repleto do Espírito Santo, como afirmou Euthymius Zigobenus. Outros viram na inferioridade do meio de comunicação divina a José (através do sonho) o reconhecimento da virtude de José. Para ele era suficiente uma aparição não manifestada.Numa linha mais psico–religiosa alguns afirmam no sonho bíblico há a “passividade do homem” diante da ação de Deus, que dispõe tudo, sobretudo no plano da salvação e disto se conclui que “os Patriarcas são chamados para uma missão que transcende toda capacidade humana; eles são guiados na própria atuação não por uma simples providência humana, mas pela própria voz de Deus..., São José, como os antigos Patriarcas, agiu em função de acontecimentos que transcen-dem o ser humano... Ele é o instrumento, mas a ação vem de Deus. Ele coloca daquilo que é próprio de si a obediência no cumprimento da ordem, mas quem dispõe de fato é Deus”. Como defende Cristobal de San Antonio.O Papa Paulo VI evidencia neste fato, São José como modelo de escuta da vontade de Deus, onde por “três vezes no evan-gelho, se fala de colóquios de um anjo com José durante o sono. O que quer dizer isso? Significa que José era guiado, aconselhado no íntimo, pelo mensageiro celeste. Havia uma ordem da vontade de Deus que se antepunha às ações e por-tanto o seu comportamento normal era movido por um arcano diálogo do que fazer: José, não temas; não faças isso; partas, voltes! Vemos (nele) uma estupenda docilidade, uma pronti-dão excepcional de obediência e de execução. Ele não discu-te, não hesita, não reivindica direitos ou aspirações. Lança-se na execução da palavra que lhe foi dirigida” (Homilia 19/3/1968).Portanto, José regulou a sua vida como a sua consciência, iluminada pelo o que o Espírito de Deus lhe dita-va. Ele comporta-se conforme as inspirações que lhe vinham do alto.Como conclusão pode-se dizer que os sonhos de São José conforme nos apresenta o evangelista Mateus, podem ser considerados como um meio de revelação divina. Eles podem ser considerados evidentes inspirações divinas que o guiava para o desenvolvimento de sua responsabilidade de pai legal de Jesus.Sabemos que os sonhos ocupam 20% do tempo do nosso sono. A Sagrada Escritura considera o profetismo (Dt 18,9-19) como a instituição privilegiada colocada à disposição de Israel para conhecer a vontade de Deus, mas admite a eficácia de outros meios legítimos, tais como visões, sonhos, etc. (Nm 12,6).Neste sentido, uma das características dos sonhos que estão presentes na Bíblia, é a transcendência do puro interesse pri-vado de quem sonha para inseri-lo no plano da salvação. Os sonhos de José narrados por Mateus evidenciam este fato, pois estes referem-se aos “mistérios” da vida de Jesus, ou seja, nascimento, permanecia no Egito e residência em Naza-ré, mistérios estes, dos quais São José foi indispensável “mi-nistro”. De fato, nos episódios de sua vocação (Mt 1,18-25), José resolve suas dúvidas diante da admirável maternidade de Maria, quando o anjo o coloca junto a ela para assegurar a messianidade de Jesus através da descendência davídica e depois para dar-lhe o nome. Da mesma forma, a permanência no Egito é para salvar a vida física de Jesus ameaçada por Herodes, mas dentro do “mistério” é a redenção da humani-dade operada naquela região de antiga escravidão através do Filho e do intervento do Pai: “do Egito chamei o meu Filho” (Mt 2,15). O mesmo se pode dizer para a residência ou perma-nência em Nazaré segundo o plano de Deus, a qual condicio-na de certo modo a vida e a missão de Jesus, sendo assim a chave para compreender o seu escondimento e o seu segredo messiânico que caracteriza toda a sua missão.Estes eventos dentro da história da salvação não são crôni-cas, mas acontecimentos salvíficos, eventos determinados para a execução do plano de Deus, e por isso Deus deu a Jo-sé, o “singular depositário do mistério”, o caminho para ser percorrido, também se de um modo mais discreto possível, ou seja, através do sonho.Este sentido de disponibilidade e de obediência de José é lembrado por João Paulo II propondo-o como modelo para toda a Igreja, .. “Logo no princípio da Redenção humana, nós encontramos o modelo da obediência encarnado, depois de Maria, precisamente em José, aquele que se distingue pela execução fiel das ordens de Deus” (RC 30).Questões para o aprofundamento pessoal1.Leia e tome conhecimento do relato de Mt 1,21 e procure responder em qual rito esta ordem do anjo a José foi cum-prida.2.Ao impor o nome a Jesus, que conseqüências práticas o-correram para o próprio Jesus e para José?3.Indique as passagens onde o anjo comunica-se com José em sonhos. Por que em sonhos?4.Dê as razões que o papa Paulo VI indica para o aconteci-mento dos sonhos na vida de José.
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Capítulo 7 - A apresentação de Jesus no Templo e a oferta do Primog

As referências que Lucas faz no trecho em que focaliza a nar-rativa da infância de Jesus mostram claramente o cumprimen-to do Antigo Testamento (Lc 2,22-24). Aliás, como já afirma-mos, Jesus reconhece a autoridade do Antigo Testamento e vê o objetivo de sua missão e o cumprimento de todo o Antigo Testamento “não vim para abolir a lei e os profetas, mas para cumpri-la...” (Mt 5,17). O Antigo Testamento era um tempo de espera que culminou com a vinda de Jesus, o Filho de Deus (Gl 4,4) cumprindo tudo o que estava prometido.A atenção que o evangelista Lucas coloca no cumprimento segundo a lei, mostra a sua preocupação de mostrar como o ingresso de Jesus no Templo é o cumprimento do esperado “dia de Javé”, caracterizado por uma purificação e de uma excepcional oferta que é o próprio Jesus. De fato, Lucas ser-ve-se do rito de purificação da mulher que dava à luz, confor-me era estabelecido pela lei de Moisés que toda a mãe, após o parto era obrigada a apresentar-se no Templo para purificar-se, pois a mulher após dar à luz era considerada impura (Lev 12,2-4). Para os exegetas, a cerimônia da purificação de Ma-ria é considerada por Lucas como uma simples moldura histó-rica, na qual ele inseriu um quadro muito importante, subli-nhando a excepcional santidade da oferta de Jesus.Conforme o livro do Levítico, na Lei de Moisés continha três prescrições: a purificação da mãe depois de quarenta dias do nascimento do filho; a consagração a Deus de cada primogê-nito seja ele homem ou animal e o resgate de cada primogêni-to (Ex 13,2.13). Entretanto no texto, Lucas evidencia a apre-sentação de Jesus no Templo, isto para ressaltar o valor histó-rico que seus pais realizavam em vista da missão desta crian-ça, Santa por excelência (Lc 1,35). Ele é um consagrado a Deus de maneira única e com uma especial consagração. A-lém disso, Lucas fundamentando-se no Antigo Testamento, onde a palavra consagração (parestánai) tem a conotação em relação aos Levitas e Sacerdotes que desenvolviam o serviço no nome do Senhor (Dt 17,12; 18,5), vê em Jesus desde a-quele momento como o Grande Sacerdote da nova Aliança e também como o Sacerdote que se oferece como sacrifício ofertado (J. Danielou, les Evangiles de L’Enfance, Paris 1967, pg 109-111). Assim, José e Maria apresentam ao Pai, o pró-prio Filho Jesus como Sacerdote e hóstia dado em sacrifício.A lei do primogênito estabelecida em Ex 13,1-15 era muito importante porque lembrava a absoluta dependência de Deus que Israel teve para sua libertação do Egito (Ex 3,12s). Os primogênitos israelitas na ocasião da libertação do povo de Israel do Egito, não podiam ser destinados para o uso profa-no, senão através do resgate, ou seja, de um pagamento efetuado pelo pai de uma soma equivalente aproximadamente a vinte dias de trabalho (Nm 18,16). No primogênito era repre-sentado o povo da aliança, resgatado da escravidão para per-tencer a Deus (RC 13). Da fato, o evangelista Lucas descreve que “Concluídos os dias da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para a apresentação ao Se-nhor, conforme o que está escrito na lei do Senhor: “Todo pri-mogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”(Ex 13,2); e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Se-nhor, um par de rolas ou dois pombinhos” (Lc 2,22-24). Por-tanto, o primeiro objetivo que Lucas coloca para a viagem da Sagrada Família à Jerusalém é para “apresentar o Senhor”, o Menino, o primogênito de Maria (Lc 2,7). Cumpriu-se, assim segundo o AT, o estabelecido na lei e Jesus com isso supera este rito, pois não era ele “um simples homem sujeito a ser resgatado, mas o próprio autor do resgate” (RC 13). Aqui está também mais um motivo do por que Lucas omite o referimento ao resgate, embora José, certamente o pagou, pois este era uma obrigação do pai. José com suas próprias mãos e plena-mente consciente dos mistérios, ofereceu e consagrou a Deus sobre o altar do Templo, o Menino Jesus.Os artistas têm com freqüência colocado o velho Simeão no centro da cena da apresentação de Jesus, o qual encontrava-se presente no Templo nesta ocasião em companhia de sua esposa Ana. Quem apresentou de fato Jesus ao Templo fo-ram os seus pais (Lc 2,22), os quais cumpriram o que deter-minava a lei. Neste sentido não é possível separar José e Ma-ria neste rito; eles foram os ministros deste, foram os instru-mentos de Deus para esta oferta, ao passo que Simeão e Ana foram os instrumentos para a revelação do seu significado. Com isso podemos dizer que José e Maria foram introduzidos progressivamente no mistério de Jesus justamente através deste canal profético. De fato, eles ficaram maravilhados do quanto ouviram da boca de Simeão a respeito de Jesus, defi-nido como salvação para todos os povos, luz para as nações.É importante notar que foi nesta circunstância que Lucas pela primeira vez qualificou expressamente José como pai de Je-sus, nomeando-o hierarquicamente antes de Maria, sua mãe (2,33). Também neste contexto Maria é envolvida como mãe, em relação a Jesus, “uma espada traspassará sua alma” (2,35); aqui o carisma profético de Simeão revela a participa-ção de Maria na sorte dolorosa de seu Filho. Naturalmente José terá experimentado somente em parte esta profecia de sofrimento feita por Simeão, ou seja, tomará parte das angus-tias pela perseguição de Herodes e a fuga no Egito, ou ainda da dor por ocasião da perda de Jesus no Templo, isto porque o evangelista não acena se ele era ainda vivo durante a vida pública de Jesus.No rito da apresentação de Jesus aparece evidente, a partici-pação enfática de José porque ele, como pai, era o responsá-vel do Menino e das observâncias religiosas que lhe diziam respeito. Sabemos que entre os deveres de um pai para com o seu Filho estavam a tarefa de circuncidá-lo, de resgatá-lo, de instruí-lo na Torá e numa profissão e de arranjar-lhe um casamento. Desde o momento em que o Anjo lhe havia transmitido em nome de Deus a ordem de tomar Maria como sua esposa e de dar o nome à criança (Mt 1,21), José passou a viver na espera deste filho e assim, se a Simeão, em virtude do seu carisma profético, tocou anunciar pelos átrios do Templo a presença da salvação na pessoa do Menino (Lc 2,30-31), a José, como pai do Menino, tocou de fazer-lhe os gastos da oferta dele, em virtude do qual todos seriam salvos. O Papa Pio IX, devoto de São José, quando ainda era apenas um sacerdote, numa no-vena pregada por ele, ao comentar a apresentação de Jesus no Templo evidenciava a função de São José naquela particu-lar circunstância, e assim descrevia o seu gesto: “José gene-roso e pronto na obediência, levanta os braços e tendo a sua-ve hóstia do sacrifício exclama; Eterno Pai, eis esta criança, que me deste em lugar de Filho, eu o amo mais que a mim mesmo este amável, este estimado Filho; eu o adoro profun-damente e com grandíssima reverência o reconheço por meu Deus; somente nele eu vivo, somente nele eu me movo, so-mente nele eu existo, mas vós quereis que este penhor seja sacrificado pela saúde dos homens...” (Escritos inéditos de Pio IX, em Estudos Josefinos 27 [1973] - 171).Questões para o aprofundamento pessoal1.Leia e tome conhecimento do relato de Lc 2,22-38 e pro-cure explicar por que Jesus foi apresentado ao Templo – faça um paralelo com Ex 13,1-15.2.Qual foi a função de José na apresentação de Jesus no Templo?3.Tome conhecimento do gesto inédito de José durante este rito na referência

Curso de Josefologia - Parte 1 - Capítulo 6 - O nascimento de Jesus e a sua circuncisão

O evangelista Lucas coloca neste acontecimento o fato de um Decreto para o recenseamento promulgado por César Augus-to, fato este que levou José e Maria a dirigirem-se de Nazaré até Belém. Em Lucas (2,1-7) lemos “Naqueles tempos apare-ceu um decreto de César Augusto, ordenando o recensea-mento de toda a terra. Este recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria. Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade. Também José subiu da Galiléia, da cidade de Na-zaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da cada e família de Davi, para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida. Estando eles, ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria”.Constatamos que no segundo capítulo de Mateus por três ve-zes ele insiste: “Para que se cumprisse o que foi dito pelo Se-nhor por meio do Profeta”. Ainda Mateus (2,5-6) afirma: “Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo”. Ora, tudo isso indica expressões dos de-sígnios de Deus a respeito do nascimento do Messias.Podemos concluir que a partir do fato do recenseamento, José começou a exercitar os seus direito e deveres de pai em rela-ção a Jesus buscando o lugar para o seu nascimento, perma-necendo ao lado de Maria durante o parto e depois registran-do em Belém o nome e a pessoa de Jesus como seu descen-dente e em tudo isso saboreando, apesar das circunstâncias difíceis do nascimento de Jesus, que ele era o pai daquele que salvaria o mundo dos seus pecados (Mt 1,21).Após o nascimento de Jesus, seus pais procuraram circunci-dá-lo. O episódio da circuncisão de Jesus impressionou mui-tos pintores e artistas talvez pelo motivo da eficácia da cena, assim como tocou muitos pregadores pelo motivo do sangue derramado no rito, etc. Contudo é importante considerá-la na sua justa perspectiva teológica.A circuncisão não foi invenção dos hebreus, porque esta já era conhecida entre os povos com os quais o povo hebreu teve contato. O que é próprio dos hebreus foi ter assumido este rito como símbolo da aliança com Deus e da santidade de Israel entre as nações. A carne do hebreu circuncidada é o sinal da aliança mantida e portanto do direito das promessas feitas por Deus a Abraão, e é também um título para o exercí-cio do culto (Ex 12,43-44s). É em suma, um sinal de pacto com Javé.A lei da circuncisão é descrita meticulosamente em Jeremias 17. É preciso afirmar que a circuncisão de Jesus não pode ser considerada somente como uma circunstância que permitiu de introduzir uma ação importante na sua vida, ou seja; de dar-lhe o nome de Jesus, embora reconhecendo a ênfase sobre a imposição do nome. Sem dúvida, Lucas não inseriu o rito da circuncisão simplesmente como uma notícia de crônica e nem quis com isso enfatizar a solidariedade de Jesus com o gêne-ro humano, enquanto esta verdade já estava presente na en-carnação. Também não é específico da circuncisão de Jesus a sua inserção na descendência de Abraão, porque esta podia também ser dada para estrangeiros como possibilidade para que participassem do culto (Gn 17,12; Ex 12,48), muito mais porque Lucas relata que Maria era esposada com um homem chamado José, da casa de Davi.A circuncisão, portanto não pode ser considerada, como já afirmamos, apenas como uma circunstância para dar o nome a Jesus. Ademais, Lucas não diz expressamente que Jesus foi circuncidado, mas usa a expressão: “Quando se completa-ram os oito dias para a circuncisão...” (Lc 2,21). Este detalhe é importante para evitar que Jesus pudesse vir a ser colocado entre os circuncidados como se fosse um membro da aliança, ele que é a própria aliança. Ademais, Jesus não é um benefi-ciário das promessas, pois ele é a Promessa (2Cor 1,20), ele é aquele que “salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21). Ele não está portanto entre os eleitos e salvos.Lucas enfatiza a origem celeste do nome Jesus, deixando na sombra a função de José (Mt 1,21-25) e de Maria (Lc 1,31), para evidenciar que a salvação vem de Deus na pessoa de Jesus.A circuncisão tornou Jesus súdito da lei (At 15,5) ele se sub-meteu à lei. Ela o envolveu na aliança, mostrando que ele é o Sim das promessas de Deus (Lc 1,54s.72s. 2,25). A circunci-são na ótica de Lucas foi o momento histórico no qual o nome de Jesus tornou-se mysterium salutis. De fato, ele interpreta este evento no seu significado salvífico através da ligação com o nome de Jesus “Ele enviou a sua palavra, aos filhos de Israel, anunciando-lhes a boa nova da paz por Jesus Cristo...” (At 10,36).A eficácia do nome Jesus tem aqui o seu início e todo o seu significado.Entre os primeiros deveres de um pai para com o filho estava aquele de circuncidá-lo, o que não significava que o pai devia ser o executor material, porque podia ser a mãe (Ex 4,25), ou normalmente, dado a delicadeza do intervento, era atribuição de uma pessoa capaz, conhecido como Mohel (circundante). Contudo, era o pai que devia assumir a responsabilidade para que o seu filho fosse inserido no povo da promessa.Esta cerimônia era realizada normalmente na casa do neonato (Lc 1,59) com a presença de um certo número de testemu-nhas que segundo a tradição talmúdica eram dez, entre as quais estava o padrinho que segurava o menino durante a cerimônia. Durante o rito o pai da criança proferia, conforme a tradição talmudica, uma benção com estas palavras: “bendito aquele que nos santificou com os seus mandamentos e nos ordenou de introduzir a este na aliança de Abraão, nosso pai”. No relato do desenvolvimento deste rito José ficou na sombra, contudo foi ele que como pai de Jesus que providen-ciou, preparou e preocupou-se com todos os requisitos para a realização deste rito. As gotas de sangue, o choro do menino, as suas lágrimas, são todos detalhes daquele precioso mo-mento que podemos imaginar presentes em seu coração atra-vés daquele rito. Neste, José impondo-lhe o nome de Jesus declarou, como afirma a Exortação Apostólica Redemptoris Custos, “A própria paternidade legal em relação a Jesus; e, pronunciando esse nome, proclamou a missão deste menino, de ser o Salvador” (RC 12). Ele foi o primeiro a pronunciar oficialmente para o mundo o nome de Jesus e a proclamar consequentemente a sua missão de Salvador da humanidade.Questões para o aprofundamento pessoal1.Leia e tome conhecimento do relato sobre o recenseamen-to em Lc 2,1-7 e compare com Mt 2,5-6. Qual a finalidade do recenseamento e qual a função que José manifesta neste episódio?2.Leia Êxodo 17 depois indique em Lucas onde encontra-se a referência à circuncisão de Jesus?3.Por que Jesus foi circuncidado? Qual foi a função de José neste acontecimento da vida de Jesus?