terça-feira, 29 de abril de 2008

A VIDA DE SÃO JOSÉ

As principais informações sobre São José são encontradas nos primeiros Capítulos do Primeiro e do Terceiro Evangelho, que são verdadeiramente as notícias mais fidedignas.
Todavia, existe uma literatura, cuja autenticidade não se provou, e portanto, não pertencente ao Cânon (parte central da missa católica) da Igreja, e que não são considerados Livros Sagrados, a qual revela, entretanto, muita imaginação. Alguns dos livros da literatura acima referida, foram escritos com base na tradição judaica, apresentando informações preciosas e interessantes sobre os costumes e hábitos dos judeus. Entre estas obras, as que mais abordam episódios da Vida de São José, são: o denominado "Evangelho de James", o "Pseudo-Mateus" , o "Evangelho do Nascimento da Virgem Maria", "A História de José, o Carpinteiro" , e a "Vida da Virgem Maria e Morte de José". Todos eles foram escritos no século I da era cristã.
Entretanto, com prioridade utilizamos as informações contidas na Bíblia Sagrada de Jerusalém, objetivando deixar o texto o mais próximo possível, da realidade que aconteceu. Contudo, para incrementar os dados sobre a Vida de São José, acolhemos também, algumas informações e inspirações daqueles mencionados livros, que seguem a Tradição Judaica, porque as consideramos apropriadas e verdadeiras, e estão fundamentadas no comportamento humano da época.
São José nasceu em Belém de Judá (Lc 2,3-4), e presumivelmente deve ter permanecido lá até a idade adulta (12 anos pelos costumes judaicos).
Embora não encontrando nenhuma informação confiável sobre a sua mãe, é certo que o seu pai chamava-se Jacó e mudou-se com a família para Nazaré da Galiléia, provavelmente para cultivar uma terra que comprou no Vale Esdrelon.
José, junto com o seu irmão mais velho chamado Cleófas, trabalhou na lavoura, ajudando o pai a produzir alimentos para o consumo próprio e comercialização. Todavia com o passar dos anos, revelou uma notável tendência para o trabalho com madeira, que o levou a deixar o cultivo do solo em segundo plano, e a se empenhar na profissão de carpinteiro. Cleófas era casado com uma jovem também chamada Maria, conhecida no Novo Testamento com o nome de Maria de Cleófas, com quem teve três filhos:
1 - Tiago Menor, Apóstolo de JESUS, autor de uma epístola e segundo Bispo de Jerusalém.
2 - José, conhecido por "Barsabás, o Justo".
3 - Maria Salomé, que se casou com Zebedeu e teve dois filhos: Tiago Maior e João (o Evangelista) autor do Terceiro Evangelho, dos Atos dos Apóstolos, de três Epístolas e do Apocalipse, ambos, Apóstolos de JESUS.
São José, era um homem de poucas palavras, tinha gênio calmo e retraído, dedicado essencialmente ao trabalho e às orações na sinagoga, fazendo do trabalho o seu próprio lazer.
É provável, que tivesse a idade de 26 anos, quando sua atenção foi despertada para aquela encantadora jovem de cabelos negros e olhos azuis, chamada Maria de Nazaré, que diariamente atravessava a rua com um cântaro de barro em direção a uma fonte que ficava na praça central, para apanhar água.
Nazaré, como a grande maioria das cidades naquela época, não possuía água encanada, mas tinha uma fonte, onde todos se serviam, levando água para o asseio e preparo das refeições.
São José logo ficou interessado em Santa Maria, que além de muito bonita, portava-se com dignidade e discrição, e revelava uma decidida aptidão pelo trabalho.
Sempre que surgia uma oportunidade ele se aproximava para dizer-lhe algumas palavras. E assim, alimentando interiormente uma grande simpatia por Santa Maria, decidiu freqüentar a casa do senhor Joaquim e de dona Ana, pais da moça, pois ansiava estar perto dela. Santa Maria observava o interesse dele, mas se calava na sua modéstia e simplicidade, deixava que as visitas acontecessem como bons vizinhos, sem contudo as estimular para não alimentar nenhum projeto em São José, mesmo porque, nessa ocasião, seu ideal já estava direcionado para um outro objetivo; "buscava e cultivava intensamente o Amor de DEUS".
Entretanto, a medida que passava o tempo as visitas de São José se sucediam e se multiplicavam com crescente freqüência até que num daqueles dias, em que, naquela época, os dois jovens conversavam sobre as coisas do cotidiano, ele declarou decididamente o seu amor. Santa Maria silenciou, assumiu uma atitude mais séria e revelou a São José o segredo de sua vida. Explicou-lhe que havia consagrado a sua existência ao CRIADOR numa escolha livre e espontânea, inclusive, revelou que fez o voto de castidade perpétua, como a melhor maneira que encontrou para demonstrar o seu incomensurável e apaixonado amor por DEUS.
José ficou perplexo! Como todo judeu, queria casar e ter os seus filhos. Afinal, naquela época, a função primordial das mulheres era casar e ter filhos. Aquela que não se casasse, ou que se casasse e não tivesse filhos, era considerada pelos costumes, e pela lei judaica como mulher opróbia, isto é, castigada por DEUS. Por isso, é fácil imaginar a grandeza do espanto de José, diante daquela afirmação da mulher que ele amava.
Por essa razão, podemos imaginar, que ele saiu arrasado daquele encontro, frustrado e desapontado com o rumo dos acontecimentos, e repleto de intranqüilidade, porque em sua mente não conseguia encontrar explicações para aquele inusitado desfecho.
Passou dias cheio de angústia, mergulhado em profundas reflexões a procura de caminhos ou soluções que lhe restituíssem o equilíbrio emocional, porque permanecia em pleno espanto, sem conseguir entender o que estava acontecendo. E assim passaram vários dias... Todavia, a medida que decorriam as semanas, apesar de procurar uma solução, começou a entender, que Santa Maria tinha traçado o ideal de sua existência, e que a sua decisão era definitiva e irrevogável.
A partir de então, começou a raciocinar de outro modo, buscando outras possibilidades, porque sobretudo compreendeu que Ela era uma mulher admirável, bonita, com uma personalidade forte e marcante, e que já estava ocupando uma imensa dimensão em seu coração. Percebeu, ainda, que não se tratava apenas de um casamento, com o objetivo de constituir uma numerosa família, da mesma forma que entendeu, que não seria a mesma coisa se ele se casasse com outra mulher, pois estava verdadeiramente apaixonado por Maria... Lembrava-se de seu maravilhoso sorriso, de sua suave e encantadora maneira de falar, de seu raciocínio inteligente, simples e profundo e da ternura de sua atenção... Compreendeu, então, que não podia viver sem a companhia Dela e por isso mesmo, resolveu assumir uma decisão corajosa; São José foi ao encontro de Santa Maria e junto Dela, com a convicção de ter feito a melhor escolha, fixou-lhe o olhar e apresentou a sua proposta: "Se você se casar comigo eu também farei o voto de castidade perpétua, para juntos vivermos o nosso amor e consagrarmos ao CRIADOR os nossos trabalhos, nossas alegrias e tristezas, e toda a nossa vida".
Considerando a posição da mulher naquela época, sem dúvida para Maria foi a solução ideal, porque casando-se com José, poderiam cultivar juntos a castidade sem que ninguém viesse a desconfiar.
Maria aceitou o convite de José e logo, começaram os preparativos para o Casamento conforme o costume judaico. A alegria ocupou integralmente o coração dos dois noivos, que demonstravam uma imensa felicidade.
Certo dia, tendo terminado os serviços domésticos na casa de seus pais, Maria descansava em seu pequeno quarto quando subitamente recebeu a visita de um Anjo do SENHOR, que sorrindo, depois de cumprimenta-la, anunciou-lhe que Ela era Alguém muito especial no Plano Divino, que tinha sido escolhida para MÃE do Redentor, Aquele que viria salvar a humanidade de seus pecados e deixar meios para que as pessoas pudessem ter vida em plenitude, vivendo reconciliadas e em comunhão de amor com DEUS. O Anjo confidenciou-lhe também, que sua prima Isabel, apesar da idade avançada, estava grávida de seis meses, ela, que era considerada estéril. (Lc 1,26-38)
Maria disse "Sim" ao plano do CRIADOR e o Anjo partiu para a eternidade. Pela Vontade de DEUS PAI e ação do ESPÍRITO SANTO, o FILHO DE DEUS veio e se agasalhou de modo sobrenatural no ventre de Maria. Começava a Santa Gravidez de NOSSA SENHORA.
Na seqüência dos dias, conversando com José, seu noivo, e seus pais, contou-lhes a notícia sobre a prima, mas não lhes disse que tinha sido escolhida "MÃE DO SENHOR" . E procedeu assim por achar prematuro anunciar um acontecimento de tal grandeza e também, porque entendeu que se tratava de uma ocorrência que estava no domínio de DEUS, e ninguém melhor do que ELE para escolher a ocasião certa para a revelação de algum fato e os esclarecimentos que se fizessem necessários. Por isso, Maria silenciou e guardou o precioso segredo no fundo do coração.
Joaquim, seu pai, que sempre viajava para Jerusalém a fim de comercializar, quando passou por Nazaré uma caravana de mercadores, decidiu viajar, e também levar consigo sua Filha. Ele ficou em Jerusalém para fazer transações comerciais e Santa Maria caminhou sozinha os 6 quilômetros que separam Jerusalém de Ain Karin, onde morava a sua prima Isabel, para prestar-lhe serviços durante os três meses finais da gravidez. (Lc 1,39)
Depois do nascimento de João Batista, filho de Isabel, Maria regressou a Nazaré, naturalmente acompanhada de uma pessoa da família.
Por este tempo, a gravidez de Maria já se fazia notar. Como era natural, seus pais, os amigos e parentes sentiram grande alegria com o fato, pois era o anuncio de que mais um membro da família estava por chegar.
Segundo os costumes e a lei judaica, este fato era perfeitamente normal. Entre o Noivado e as Bodas (o Casamento propriamente dito), existia um espaço de tempo chamado "Condução" que podia chegar até 12 meses, e no qual, o noivo tinha poder estrito sobre a sua companheira, inclusive se ela ficasse grávida, o (a) filho(a) era considerado(a) legítimo(a).
Todavia, José ficou admirado! Ele que não teve qualquer participação, porém São José conhecia as virtudes de sua noiva e lembrava-se do projeto de castidade que ambos fizeram... Este projeto de castidade, entretanto, atrapalhava seus pensamentos sobre este fato.
Triste e pensativo passou dias terríveis, repleto de constrangimento e intranqüilidade. Não encontrava nenhum motivo que o fizesse entender aquela ocorrência. Por isso, enquanto decidia o que fazer, um Anjo do SENHOR apareceu-lhe em sonho e lhe disse: "José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que Nela foi gerado vem do ESPÍRITO SANTO. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de JESUS, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados". (Mt 1,20-21)
Homem responsável e de fortes convicções religiosas, recuperou a tranqüilidade espiritual, afastando para longe a tentação demoníaca que atormentava os seus pensamentos, e na seqüência dos dias, ultimou os preparativos para as núpcias.
O CASAMENTO DE SÃO JOSÉ
A Celebração das Bodas seguiu o rito judaico e logo a felicidade tomou conta do coração dos esposos. Passaram a viver numa pequena casa em Nazaré. Mas por pouco tempo, porque foi decretado um decreto romano, mandando que fosse realizado um recenseamento, e todos os povos subjugados pelo poder de Roma, deviam obedecer. Como Nazaré era um lugarejo pequeno que nem constava dos mapas romanos, recebeu a notícia com atraso, ou seja, no último mês de recenseamento. Cada cidadão era obrigado a se apresentar na junta militar estabelecida em sua cidade natal. São José tendo nascido em Belém, para não faltar com sua responsabilidade e cumprir com o dever cívico, atendendo a ordem emanada do poder romano, para lá viajou em companhia de Santa Maria, sua esposa, que já estava no último mês de gravidez. (Lc 2,1-5)
O NASCIMENTO DE JESUS
Em face do Recenseamento, Belém estava com grande movimentação de pessoas e por essa razão, São José e Santa Maria não encontraram nas casas dos parentes e amigos um local onde pudessem abrigar-se, e foram para uma gruta, que as vezes era utilizada como estrebaria. Neste período de tempo em permaneceram nesta gruta, completaram-se os dias da gestação e nasceu JESUS, NOSSO SENHOR e Redentor de toda humanidade. (Lc 2,6-7)
"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós". (Jo 1,l4)
Naquela região, alguns pastores que vigiavam o rebanho receberam a visita de um Anjo que lhes anunciou: "Não tenhais medo! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o CRISTO SENHOR, na cidade de Davi. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura. E de repente, juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste a louvar a DEUS, dizendo: Glória a DEUS nas alturas, e paz na terra aos homens que ELE ama"! (Lc 2,10-15)
Os pastores ficaram admirados com o que viam e se apressaram à chegar a Gruta em Belém. Encontraram Santa Maria, São José, e o MENINO-DEUS numa manjedoura. Vendo-os, contaram-lhes tudo o que o Anjo havia anunciado.
Santa Maria ouvia e conservava todos aqueles acontecimentos no coração, e no seu silêncio, meditava, e procurava entender tudo que diziam sobre JESUS.
Ela e São José tinham acabado de viver uma experiência verdadeiramente sobrenatural com o nascimento de seu Filho. Para Santa Maria, aquelas palavras anunciadas pelo Arcanjo Gabriel expressando todo o Amor de DEUS por Ela, concretizavam-se naquela linda criança que feliz sorria deitada numa manjedoura.
São José, cheio de admiração, sentia vigorosamente o Mistério de DEUS envolver a sua vida. E se alguma desconfiança ainda existia em seu espírito, pela explicação que recebeu do Anjo a respeito da gravidez de sua esposa, agora, com aquele nascimento milagroso, dissiparam-se todas as possíveis dúvidas. São José emocionado, entendia e se curvava respeitosamente a Vontade do CRIADOR, e ao lado de Santa Maria, adorava o Pequenino DEUS, que lhe foi confiado pelo SENHOR, a fim de que O protegesse por toda a vida.
Ele e Santa Maria manifestavam uma indescritível felicidade, porque naquele momento sagrado também se concretizou um segundo e importante milagre: pela santíssima Vontade de DEUS, Santa Maria permaneceu Virgem. O SENHOR, que já a havia preservado no instante da fecundação, considerando a sua singular e heróica demonstração amorosa de conservar a virgindade, preservou também a sua integridade física no momento do nascimento de JESUS. Da mesma forma que o Verbo de DEUS entrou em Maria e agasalhou em seu ventre permanecendo por nove meses, misteriosamente saiu, sem causar-lhe qualquer dano.
A VISITA DOS REIS MAGOS
Terminado o recenseamento, mudaram-se da Gruta onde estavam e passaram a viver numa pequena casa em Belém.
JESUS já estava com quase dois anos de idade, quando recebeu a visita dos Três Reis Magos, que vieram do Oriente para adorar o MENINO-DEUS. Belchior, Gaspar e Baltazar depois de ajoelharem diante DELE, ofertaram-LHE ouro, incenso e mirra. (Mt 2,11)
Herodes Magno, rei da Judéia, sabendo da visita dos Magos, com receio de perder o seu trono para o "Rei dos Judeus", projetou em sua mente doentia eliminar JESUS. Todavia, como não sabia onde ELE estava, ordenou a matança de todas as crianças de Belém com menos de dois anos de idade.
A FUGA PARA O EGITO
São José avisado em sonho sobre os planos do terrível monarca, corajosamente na mesma noite, levantou-se e fugiu em companhia de Santa Maria, levando o MENINO para o longínquo Egito. (Mt 2,13-14)
Como era noite, e sem tempo para preparar a viagem, é provável que saíram a pé pela estrada que conduz a Hebron. Em Hebron devem ter chegado ao amanhecer e sem demora, agilizaram os preparativos para uma rápida viagem. Com o ouro presenteado pelos Magos, devem ter adquirido dois camelos dromedários (que são os mais ágeis e velozes) e comprado provisões, abastecendo-se do necessário, para empreenderem a fuga.
Provavelmente, devem ter seguido uma rota passando pelo Vale Wâdi-el-Halil, objetivando chegar em Bersabéia, distante 45,5 quilômetros, porque ali já estavam fora dos limites territoriais de Herodes. A seguir, com mais tranqüilidade seguiram com a viagem para o Egito, atravessando quase 400 quilômetros de deserto. Presume-se que a Sagrada Família depois de cruzar a divisa entre os dois países, Israel e Egito, estabeleceram-se em Hasana, ao lado do Lago Timsah, onde hoje passa o Canal de Suez.
Lá permaneceram cerca de 4 meses, quando São José novamente foi avisado em sonho por um Anjo do SENHOR, que Herodes tinha morrido. Mas como em seu lugar, no Governo da Judéia, ficou o filho Arqueláu, mau e perverso como o pai, José que planejara regressar à Belém, decidiu levar sua esposa e JESUS para a casa que possuíam em Nazaré da Galiléia. (Mt 2,19-23)
Em Nazaré puderam viver unidos com tranqüilidade, construindo uma admirável família, exemplo para toda humanidade, pela consciência e responsabilidade paternal, pela harmonia que os envolvia, mesmo na simplicidade de suas funções e dos afazeres diários, revelando sobretudo que o amor sincero e honesto estava colocado num plano de real destaque, e era tão grande, que administrava fraternalmente e de maneira primorosa os sentimentos mais profundos, dos membros da Sagrada Família.

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