quarta-feira, 30 de abril de 2008

Curso de Josefologia - Parte 1 - Capítulo 1 - Quem é São José

Quem é São José? Quais são as suas características? Qual é o modelo de santidade que ele representa para os cristãos? Estas são interrogações, entre muitas outras, que temos o direito de fazer.Tentaremos mostrar tudo isso neste curso, sem esgotar o as-sunto.Aliás, diante desta personalidade rica e ao mesmo tempo poli-édrica percebemos que, quanto mais descobrimos, mais te-mos para encontrar.De São José, na verdade, sabemos muito pouco. O seu nome é citado nos evangelhos apenas quatorze vezes, e os evange-listas lhe dedicam apenas vinte e seis versículos, mas não mencionam nenhuma palavra dele. Claro que isso não nos deve parecer estranho, pois os evangelistas estavam preocu-pados em narrar a vida de Jesus e o seu ministério. Não pos-suímos nem mesmo referências sobre o ano nem sobre o lu-gar onde nasceu. Não sabemos o nome da sua mãe e existem controvérsias a respeito do nome do seu pai (Para os que pensam que a genealogia de Lucas (3,23) dá a linhagem de Maria, e a Mateus (1,16), dá a de José, Jacó seria o pai de José e Heli o seu sogro. O uso da palavra "pai" no hebraico e no grego, permitiriam que esta fosse usada no lugar de so-gro. Para os que pensam que ambas as genealogias dão a linhagem de José, Jacó e Heli seriam irmãos, e segundo o costume, quando Heli morreu, Jacó teria tomado a sua viúva como esposa, e José seria filho de Jacó no sentido literal, e de Heli no sentido legal. Segundo a lei dos Judeus ( Dt 25,5), o irmão deveria continuar a descendência de um irmão morto casando-se com a viúva deste. É possível que José tenha sido filho de Jacó por nascimento, mas filho de Heli por ado-ção).Entrou em cena quase desapercebidamente. Não há nenhu-ma menção sobre a sua vida nem sobre a sua morte, e esse silêncio permanecerá por muitos séculos. Entretanto, foi a ele que Jesus submeteu-se como filho, e foi com ele e nele que Maria encontrou um grande amor e força para desempenhar com perfeição a sua missão sublime.Na verdade, o mistério de São José está na eloqüência do seu silêncio e no primado do seu amor, sendo assim, a imagem terrestre da bondade de Deus. O seu silêncio é impressionan-te. Ele é o mais escondido de todos os santos. Talvez por isso tenha exercido e continue exercendo um fascínio na alma de incontáveis devotos. O seu abandono aos desígnios de Deus é total, não pede explicações, não contesta e, mesmo quando entra em cena, aparece quase que de modo obscuro. Se é verdade que, ao referir-se a ele, os evangelhos não usam mui-tas palavras, é indiscutível que a sua pessoa está envolvida por um halo de luz tão cristalino, que resume a essência do que ele representava, quando afirmam que "era um homem justo" (Mt 1.9).Era justo com Deus, depositando nele a mais profunda confi-ança em toda a sua vida. Era justo com o próximo, pois vivia com Jesus e Maria na mais perfeita caridade. Era justo consi-go mesmo, pois foi sempre fiel à vocação que recebeu.São José é um santo no sentido mais amplo da palavra, afir-mava um grande devoto josefino. Foi um homem à parte, re-servado, retirado, separado. Um homem em quem se diria que tudo é interior. Um homem de Deus, todo de Deus, todo em Deus. Admirado com a extrema simplicidade e os traços de santidade com que José se apresenta, outro grande devoto do nosso santo, Olier, assim se expressou em suas considera-ções sobre ele: José "foi dado à humanidade para exprimir visivelmente as adoráveis perfeições do Pai, para ser a sua imagem aos olhos do Filho de Deus". Então. como deve ser excelsa a sua santidade, a beleza desse grande santo que Deus Pai criou com suas mãos para representar a si mesmo ao Filho unigênito.São José é, no dizer do Papa Paulo VI, "a luz que difunde os seus raios benéficos na casa de Deus que é a Igreja: preen-che-a com profundas e inefáveis recordações da vida à cena deste mundo do Verbo de Deus, feito homem por nós e para nós, e que viveu sob a proteção, a guia e a autoridade do ar-tesão pobre de Nazaré" (Paulo VI , Alocução de 19 de março de 1966). Deus, para realizar o seu grande desígnio de amor, quis servir-se de suas criaturas, entre as quais escolheu duas de seu especial agrado, Maria e José, como testemunhas conscientes e agentes livres e responsáveis. Por isso a parti-cipação desses dois astros de primeira grandeza na história da salvação os coloca no centro da história do mundo.Deus procurou, em todas as gerações, quem pudesse ser es-colhido e dado como companheiro àquela que escolhera como mãe do seu Filho eterno. Considerou a fé inabalável de Abra-ão, a pureza de alma de Isaac, a infatigável paciência e resig-nação de Jacó, a mansidão e a santidade de Davi, mas o seu olhar divino não repousou em nenhum deles. Foi além, pois só em José encontrou o homem que procurava, e sobre ele recai a sua escolha. "O Senhor encontrou José segundo o seu co-ração e lhe confiou com plena segurança o mais misterioso e sagrado segredo do seu coração. Desvendou a ele a obscuri-dade e os segredos da sua sabedoria, concedendo-lhe que conhecesse o mistério desconhecido de todos os príncipes deste mundo (Hom. Super Missus est, PL 183, 70)."São dele os pesos, as responsabilidades, os riscos e as fadi-gas da pequena e singular família. É dele o serviço, o traba-lho, e o sacrifício, na penumbra do quadro evangélico, no qual é agradável contemplá-lo" (Paulo VI, Homilia de 19 de março de 1969).Portanto, ninguém pode ignorar o lugar que São José ocupa na hierarquia dos Santos. Se aprofundarmos a sua vida per-ceberemos que imitá-lo nos parecerá fácil, pois está muito perto de nós. Ele conheceu a luta do dia-a-dia. E a amargura, sendo igual a nós. A amável e singular serenidade que se irradia deste simples leigo com uma grande missão aos olhos de Deus, nos convida afetivamente a nos aproximarmos dele com mais familiaridade, para conhecer e seguir o seu ensi-namento, que nos foi transmitido com tanta discrição.Por isso, nós, católicos, tributamos aos nossos santos um cul-to de veneração, considerando sempre a dignidade que lhes foi concedida por Deus e os seus exemplos que edificam a nossa vida.São José fala pouco, mas vive intensamente aquilo que faz, não se subtraindo de nenhuma responsabilidade que a vonta-de do Senhor lhe impõe. Por isso ele nos oferece um exemplo de atraente disponibilidade à vontade de Deus, exemplo de calma em cada acontecimento, de confiança embebida de sobre-humana fé e caridade, assim como do grande meio da oração (João XXIII, Felicitações apresentadas ao Sacro Colé-gio em 17 de março de 1963). Por ter sido escolhido como esposo de Maria e pai de Jesus, e devida à abundância de graças que recebeu de Deus, a Igreja sempre lhe tributou um culto especial.Esse é o motivo porque São José vive na alma do nosso po-vo, pois o povo o conhece como o carpinteiro de Nazaré, de mãos calejadas por causa do manejo do martelo e do serrote. Mediante os quais tirava o sustento para si com o suor do seu rosto. Ele é um santo que não se encontra na grande galeria dos doutores da Igreja, nem dos sábios, nem mesmo entre aqueles que se revestiram do poder de conduzir a nossa Igre-ja. Nos céus não o colocamos entre os querubins e os exérci-tos celestes. Com seu estilo silencioso e humilde de vida, quase desconhecido, ele se assemelha muito ao nosso povo.Em síntese, os trechos da Sagrada Escritura que falam so-bre o nosso Santo podem ser resumidos nos seguintes: - Descendente da casa de Davi - Mt 1,16 / Lc 1,27.- Esposo de Maria - Mt 1,18.- Pai de Jesus - Mt 1,20; 13,55 / Lc 3,23; Jo 1,45 ; 6,42.- Perplexidade diante do mistério da encarnação - Mt 1,19.- Viagem a Belém para o recenseamento ordenado por César Augusto - Lc 2,4-6.- Fuga ao Egito e volta com Maria e o Menino para Naza-ré - Mt 2, 14. 19-23. - Perda e encontro de Jesus aos 12 anos no Templo de Jerusalém; em seguida o Menino desceu com eles a Nazaré, onde lhes era submisso - Lc 2,48.- Era um homem justo - Mt 1,19.Portanto, os dados dos evangelistas sobre São José são es-tes: era justo, filho de Davi, esposo de Maria, pai de Jesus e carpinteiro. São poucas informações, mas de importância fun-damental, como todas as da Sagrada Escritura, pois são co-mo sementes cheias de vitalidade e de conteúdos inexaurí-veis.Questões para o aprofundamento pessoal1.Quantas vezes os evangelhos o mencionam? E qual ou quais seriam seu (s) pai (s)?2.Como Mateus o define?3.Dê uma síntese do que os evangelhos falam dele.

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