quarta-feira, 30 de abril de 2008

Capítulo 5 - Jesus cumpridor do AT e o significado das genealogias

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Toda a história de Israel é orientada para Jesus, o qual consti-tui o fato histórico por excelência que dá valor para todo o An-tigo Testamento. De fato, Jesus reconhece a autoridade divina do Antigo Testamento e até fixa como objetivo de sua missão o cumprimento perfeito de todo ele ao afirmar “não vim abolir a lei e os profetas...” (Mt 5,17). A lei e os Profetas significam todo o Antigo Testamento. Como enviado do Pai ele cumpriu o Antigo Testamento no arco de toda a sua existência humana, ou seja, desde seu nascimento até o envio do Espírito Santo para sua Igreja. Nele encontra o cumprimento de toda a reve-lação de Deus (2Cor 1,20). Visto que as promessas do Antigo Testamento foram todas realizadas no Verbo feito carne: “Nós vos anunciamos a boa notícia: Deus cumpriu para nós, os fi-lhos a promessa feita a nossos pais...” (At 13,32s). Foi Jesus mesmo na Sinagoga de Nazaré que depois da leitura do texto de Isaías (61,1s) proclamou solenemente: “Hoje realizou-se essa Escritura que acabaste de ouvir....” (Lc 4,21).É claro portanto, que o Antigo Testamento era uma promessa, da qual os cristãos são os beneficiários (Gal 3,19). Os escrito-res do Novo Testamento interpretaram e aplicaram as profeci-as do Antigo Testamento em base à compreensão da história que é aquela dos próprios profetas, onde foi estabelecido o plano de Deus manifestado em diversas maneiras e modos, durante a história de Israel e por fim colocado em plena luz nos acontecimentos hauridos nos evangelhos. Pois bem, des-ta plena luz dos acontecimentos que explicitam o plano de Deus e que são marcantes nos evangelhos, José, o Carpintei-ro de Nazaré, tomará parte de modo intenso, ainda que de uma maneira silenciosa e sem pronunciar uma palavra.Dentro do contexto do Antigo Testamento podemos apresen-tar o significado das genealogias apresentadas no Novo Tes-tamento pelos dois evangelistas Mateus e Lucas, os quais foram objeto de muitas discussões desde o início dos primei-ros séculos da Igreja. Os judeus esperavam um herdeiro e sucessor do Rei Davi e este, nos desígnios de Deus, se con-centrava em Jesus, o qual como o Messias seria escolhido da casa de Davi. Portanto, a davidicidade torna-se a “conditio sine qua non” da messianidade. Em vista desta promessa, o ponto central do primeiro capítulo de Mateus coloca Maria grávida pelo Espírito Santo antes de coabitar com José (1, 18), explicitando desta forma a realização da promessa mes-siânica.A árvore genealógica que Mateus (1, 1-17) apresenta, quer demonstrar que Jesus é descendente de Abraão e portanto Judeu, e descendente de Davi e por isso Messias do povo hebraico. Assim, na genealogia de Mateus aparece a messia-nidade e a davidicidade de Jesus, demonstrando com isso que a promessa de Deus feita a Davi concretiza-se através da presença do esposo de Maria, José, apresentado como “Filho de Davi”, o qual dá a Jesus a ascendência davídica. Na seqüência dos versículos 18-25, Mateus revela o encontro do divino com o humano realizado na instituição da família, onde Maria, Mãe de Jesus está comprometida em casamento com José (v 18), também se a presença do Espírito Santo em Maria parece que tivesse de comportar uma cisão do vínculo matrimonial (v 19). Deus contudo, escolhe uma família huma-na para o honroso inserimento de seu Filho no mundo.No momento culminante da história da salvação, José é o filho de Davi escolhido por Deus e preparado (o evangelista o de-nomina Justo) para ser o esposo da mãe de Jesus e para dar o nome a este Menino singular concebido por obra do Espírito Santo. Face a isso não faltam teólogos que propõem a teolo-gia de São José nos Tratados como o da encarnação, com o objetivo de realçá-lo como o Filho de Davi que garantiu a Je-sus a sua messianidade. Outrossim, indicam também a teolo-gia Josefina no Tratado de Mariologia, onde se deveria lem-brar que a honra de Maria Virgem e Mãe, está ligada ao fato dela ser a “esposa de José”.É fundamental termos em consideração a afirmação de Ma-teus (1,16) o qual não diz que José “gerou Jesus”, mas que “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus”. Nesta afirmação o evangelista deixa claro a concepção virgi-nal de Jesus, explicitando que José não é o seu pai natural. Mesmo que Mateus tivesse dito: “José gerou Jesus”, continu-ava contudo afirmando a concepção virginal de Jesus, pois a palavra “gerar” na Bíblia nem sempre se refere à geração físi-ca, podendo também entender aquela geração puramente legal, já que os hebreus viam e aceitavam sem problema em suas genealogias também os pais adotivos, sem uma distin-ção rigorosa entre ambas. Com isso, José sendo simplesmen-te pai legal, ele, de direito transmitiu a descendência a Jesus. Portanto, por meio de José Jesus é descendente de Davi e herdeiro da promessa divina.Sabemos que os hebreus viam como condição necessária para a chegada do Messias prometido, que este fosse da des-cendência de Davi (2Sam 7,16; 1Cr 17,14). A única exceção eram os monges de Quamram, os quais esperavam um Reino onde o representante fosse da classe sacerdotal.Questões para o aprofundamento pessoal1.Leia e tome conhecimento do relato sobre a árvore genea-lógica em Mt 1,1-17 e procure dar uma explicação para o versículo 16.2.Em Jesus, Deus cumpriu a promessa feita a Abraão, por que a presença de José é indispensável no relato da ge-nealogia de Jesus?3.Quais as duas características essenciais que Mateus evi-dencia no relato de sua genealogia a respeito de Jesus li-gado a José?

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