sexta-feira, 4 de julho de 2008

PENTECOSTES

At.2,3-11 / 1Cor.12,3b-7.12-13 / Jo.20,19-23

Deus é constituído de três pessoas divinas distintas e indivisas, com funções distintas, uma das pessoas da Trindade nunca pode estar separada das outras duas pessoas divinas. Em relação à criação e salvação da humanidade cada uma das pessoas da Trindade tem o seu tempo próprio: o tempo do Pai vai da criação até à encarnação de Jesus, o tempo de Jesus começa com a encarnação e termina com a vinda do Espírito santo e o tempo do Espírito Santo vai de Pentecostes até à volta do paraíso terrestre (céus novos e terra nova) quando Jesus retomará a sua função em relação à humanidade.

Como a Trindade é indivisa, o Pai, o Filho e o Espírito Santo estão sempre juntos, mas, em relação à humanidade, cada uma das Pessoas Divinas exerce sua função sucessivamente: a partir da chegada do Espírito Santo, a Trindade age sobre os seres humanos através da terceira Pessoa. Estamos, portanto, vivendo no tempo do Espírito Santo. O Espírito Santo age sobre todos, mas de duas formas diferentes: 15 Se me amais, guardareis meus mandamentos. 16 Eu pedirei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, que estará convosco para sempre. 17 Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis porque permanece convosco e está em vós (Jo.14,15-17). O Espírito Santo está “convosco” e está “em vós”. A pessoa que foi batizada pela Igreja Católica e está em estado de graça é templo da Trindade; portanto, nesta pessoa, o Espírito Santo age por dentro, induzindo-a a santificar-se sempre mais (“em vós”). A pessoa que não foi batizada pela Igreja Católica ou, após ter sido batizada, cometeu pecado mortal, enquanto permanece em pecado mortal, não é templo da Trindade, já que Deus não convive com o pecado; nesta pessoa, o Espírito Santo age por fora (“convosco”), tentando induzi-la a procurar o batismo ou o sacramento da penitência para libertar-se do pecado mortal e tornar-se templo da Santíssima Trindade.

No dia de Pentecostes, as duas diferentes maneiras de agir do Espírito Santo se manifestaram: uma forte ventania, apesar de forte inofensiva, foi percebida por todos os habitantes e peregrinos que estavam em Jerusalém: o Espírito Santo se manifestou a todos os habitantes e peregrinos que estavam em Jerusalém (“convosco”), mas não entrou em nenhum deles. A ventania inofensiva que, apesar de forte, não destelhou casas e nem derrubou árvores, se concentrou sobre o cenáculo onde se encontravam os apóstolos juntamente com Maria: nestes o Espírito Santo entrou (“em vós”): 1 Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2 De repente veio do céu um ruído, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa em que estavam sentados. 3 E viram, então, uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e foram pousar sobre cada um deles. 4 Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia (At.2,1-4).

Os peregrinos e habitantes de Jerusalém que ainda não tinham sido batizados foram induzidos a ir para o cenáculo onde a ventania se concentrou: nestes o Espírito Santo agiu por fora, induzindo-os a procurar os apóstolos dos quais receberiam o anúncio do Evangelho e o batismo: 5 Estavam em Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu. 6 Ouvindo aquele ruído, acorreu muita gente e se maravilhava de que cada um os ouvisse falar em sua própria língua. 7 Profundamente impressionados, manifestavam sua admiração, dizendo: “Não são porventura galileus todos os que falam? 8 Como, então, todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? 9 Partos, medos, elamitas, os que habitam a Mesopotâmia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, 10 a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia, próximas de Cirene, peregrinos romanos, 11 judeus ou prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus (At.2,,5-11).

O primeiro e principal objetivo de cada pessoa deve ser a própria salvação. Jesus conferiu aos apóstolos a missão de anunciar o Evangelho para transformar as pessoas em “discípulos” dele, “batizá-las” e “ensinar-lhes” tudo aquilo que Ele mesmo tinha mandado ensinar: 18 Então Jesus se aproximou e lhes disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. 19 Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo , 20 ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei (Mt.28,18-20). Ao ser batizado, o indivíduo recebe do Espírito Santo os sete dons de santificação pessoal: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Estes dons servem para induzir o indivíduo a crescer em santidade durante toda a vida.

Para ser fiel ao batismo, o indivíduo deve também preocupar-se com a salvação e santificação dos demais. Por isto, o Espírito Santo infunde em cada pessoa batizada pela Igreja Católica e que vive em estado de graça dons carismáticos de acordo com a missão que o Pai determinou para cada um dos seus filhos na terra. Os dons carismáticos são instrumentos de trabalho e são conferidos pelo Espírito Santo a cada pessoa batizada que vive em estado de graça para ajudá-la a cumprir melhor a sua missão na terra. Os dons carismáticos são muitos e surgem novos dons à medida em que a humanidade evolui. Antes de inventarem o rádio e a televisão, o Espírito Santo não infundia em ninguém o dom de evangelizar pelo rádio e televisão. Com o surgimento do rádio e televisão, o Espírito Santo infunde em algumas pessoas o dom de anunciar o Evangelho através destes meios de comunicação.

Todos os dons carismáticos são gratuitos e distribuídos pelo Espírito Santo: 11 Todas estas coisas as realiza um e o mesmo Espírito, que distribui a cada um conforme quer (1Cor.12,11). Como a pessoa batizada pela Igreja Católica e que vive em estado de graça é templo da Trindade, os dons carismáticos se dividem em três grupos de acordo com a função de cada uma das pessoas Santíssima Trindade. Os dons carismáticos propriamente ditos (por ex.: o dom de falar em línguas) são atribuídos ao Espírito Santo: 4 Há diversidade de dons mas um mesmo é o Espírito (1Cor.12,4). Os ministérios (por ex.: a administração dos bens materiais da Igreja) são atribuídos a Jesus: 5 Há diversidade de ministérios mas um mesmo é o Senhor (Jesus) (1Cor.12,5). As operações (por ex.: curas e milagres) são atribuídos ao Pai: 6 Há diferentes atividades mas um mesmo é Deus (Pai) que realiza todas as coisas em todos (1Cor.12,6). Os dons carismáticos não têm a função de beneficiar a pessoa que os recebe, mas são instrumentos com os quais a pessoa que os exerce colabora para a conversão e salvação dos outros. Os dons carismáticos são distribuídos pelo Espírito Santo para pessoas por Ele escolhidas para estas pessoas possam servir melhor a comunidade a que pertencem.

O primeiro passo para a salvação e santificação é a libertação dos pecados cometidos. Para que aqueles que cometessem pecados após o batismo pudessem se libertar deles e voltar ao estado de graça, Jesus instituiu o sacramento da penitência. Antes de conferir aos apóstolos o poder de perdoar os pecados, Jesus soprou neles infundindo-lhes o Espírito Santo: 22 Após essas palavras, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23 A quem perdoardes os pecados serão perdoados. A quem não perdoardes os pecados não serão perdoados” (Jô.20,22-23). Os pecados são perdoados pelo Pai, mas quem move o pecador a se arrepender e procurar o perdão sacramental dos pecados é o Espírito Santo, assim como é o Espírito Santo que move o ministro ordenado a distribuir o perdão de Deus.

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