sexta-feira, 4 de julho de 2008

MÃE DE DEUS

Nm.6,22-27 / Gl.4,4-7 / Lc.2,16-21

No primeiro dia do ano, a Igreja pede que reflitamos sobre a figura de Maria como portadora da paz. Ao trazer Jesus, Maria indicou um caminho seguro tanto para a paz interior como para a paz entre as nações. Como Deus, Jesus tinha plenos poderes e podia impor o que quisesse a quem quisesse. No entanto, nem mesmo para proteger os próprios pais e a si mesmo, Jesus usou seus poderes. Quando Herodes tentou matá-lo, não reagiu o que os obrigou a abandonar tudo e fugir para o Egito. Jesus traz a paz, mas não obriga ninguém a aceitá-la; não impôs a paz nem mesmo para aqueles que o perseguiram.

A primeira paz a ser procurada é paz interior, a paz do espírito, a qual não depende de fatores externos. Mesmo num país em guerra ou apesar de viver numa região dominada por traficantes, é possível a alguém estar em paz. A paz interior depende da fidelidade a Deus. Maria e José, apesar de serem perseguidos e serem forçados a passar os primeiros anos de casados em fuga, sempre estiveram em paz, porque sempre foram fiéis a Deus. Nós também podemos viver em paz, apesar da violência que tomou conta do nosso país. Basta tornar-se filho de Deus.

Antes da vinda de Jesus, nenhuma criatura humana podia tornar-se filha adotiva de Deus. Jesus, o Filho único de Deus, deu a todos o poder de tornarem-se filhos adotivos de Deus: 12 Mas a todos que a receberam, aos que crêem em seu nome, deu o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo.1,12). Todos os seres humanos são criaturas de Deus. Com a encarnação, morte na cruz e ressurreição, Jesus não tornou ninguém filho de Deus, mas deu a todos o poder de se tornar filhos adotivos de Deus.

Após criar Adão. Deus soprou nele, infundindo-lhe um princípio eterno. Assim, Adão passou de simples criatura para filho adotivo de Deus. Ao tornar-se filho de Deus, Adão não perdeu a liberdade e podia voltar-se contra o próprio Deus. Como não se pode obedecer a dois senhores (Cf.Mt.6,24), ao obedecer a satanás no paraíso terrestre, Adão se tornou escravo de satanás.

O filho pode deixar a casa quando quiser, mas o escravo só pode deixar a casa se alguém o libertar. Jesus pagou o resgate para todos: 4 Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e foi submetido a uma Lei, 5 para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção (Gl.4,4-5). O fato de Jesus ter pago o resgate para todos não significa que todos se tornaram filhos adotivos de Deus. Todos continuam livres para aceitar ou não a filiação divina. Um pequeno resto, através dos sacramentos instituídos por Jesus e confiados exclusivamente à Igreja Católica, se liberta dos pecados, deixa de ser escravo de satanás, e se torna filho de Deus. Estes, como os membros da comunidade dos gálatas, podem chamar Deus de Pai: 6 E, como prova de serdes filhos, Deus enviou a nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: “Abba, Pai!”7 De maneira que já não és escravo mas filho, e, se filho, herdeiro por Deus (Gl.4,6-7). Quem é verdadeiro filho, mesmo que adotivo, é também herdeiro. Somos, portanto, herdeiros de Deus. A herança que o Pai nos dá é um lugar em sua casa.

Foi através de Maria que Jesus assumiu um corpo, através do qual pôde morrer na cruz e produzir os méritos infinitos com os quais nós fomos resgatados. Mas, apesar de termos certeza que um dia iremos morrer e apesar dos sofrimentos pelos quais somos forçados a passar durante esta vida, a certeza de termos um lugar reservado na casa do Pai traz paz para o nosso espírito. Ao trazer Jesus, Maria trouxe paz para nós.

No mundo não há paz, porque a maioria das pessoas, sem excluir grande parte daqueles que se dizem cristãos, não são filhos de Deus. Se fosse possível tornar filhos adotivos de Deus uma porcentagem altíssima dos seres humanos em todos os países, haveria paz também entre os povos. A paz entre os povos depende da aceitação da verdade revelada por Jesus. Quem se submete à verdade revelada por Jesus abandona a mentira, o egoísmo, a soberba e a prepotência e procura a concórdia e a caridade. A paz que Jesus veio trazer está diretamente ligada à conversão. Não há paz entre os povos, porque há poucas pessoas que praticam com fidelidade os ensinamentos de Jesus. Jesus não combateu as guerras, mas concentrou seus esforços na conversão do seu povo. Se os judeus tivessem aceitado Jesus e posto em prática os seus ensinamentos teriam alcançado, além da paz interior, também paz para o país. Rejeitando Jesus e a sua doutrina, rejeitaram também a paz e a salvação

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