sexta-feira, 4 de julho de 2008

CORPUS CHRISTI

Dt.8,2-3.14b-16ª / 1Cor.10,16-17 / Jo.6,51-58

O nosso corpo é feito da comida que comemos. O corpo de Jesus, antes da ressurreição, também era feito da comida que Ele comia. Quando Jesus comia pão, o sistema digestivo dele transformava o pão em sua carne automaticamente sem milagre. Portanto, transformar pão em carne é um procedimento natural que pode ser feito tanto pelo homem como por um animal sem nenhum milagre. Na última ceia, Jesus não comeu o pão, o transformou em sua carne fora do estômago. Ali está o milagre da Eucaristia: transformar pão na carne de Jesus instantaneamente fora do estômago.

Após a consagração, aquilo que antes era pão se transforma em Jesus ressuscitado: corpo, sangue, alma e divindade. Apesar da transformação, as aparências não mudam e os olhos da carne continuam vendo o mesmo que viam antes da consagração. Após a consagração do pão não vemos Jesus vivo pelos seguintes motivos:
1. Não somos totalmente puros.
2. Algumas pessoas poderiam ter repugnância em engolir um homem vivo, mesmo que esse homem se tornasse pequeno como um comprimido e pudesse passar pela garganta.

1. Jesus disse que os puros de coração verão Deus: 8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus (Mt.5,8). A pureza à qual Jesus se refere não se restringe apenas à pureza moral mas também ao desapego total de tudo aquilo que está neste mundo. Quem tem apego a si mesmo, a pessoas ou a bens deste mundo não é totalmente puro perante Deus, o qual deve ser amado acima de tudo. Abraão viu Deus, mas ele era tão desapegado que, quando Deus lhe pediu que sacrificasse seu filho Isaac, ele se prontificou a obedecer. Se as pessoas batizadas pela Igreja Católica e que estão livres de pecado mortais quiserem saber se, ao morrer, passarão pelo purgatório antes de entrar no céu, basta que olhem para uma hóstia consagrada: se enxergarem o mesmo que viam antes da consagração não estão completamente puras perante Deus e, se morrerem sem se purificar totalmente, deverão passar pelo purgatório antes de entrar no céu.
2. Se após a consagração, a hóstia fosse vista por todos como um pedaço de carne pingando sangue, sabendo que é carne humana, muitos teriam nojo de engoli-la. Se, após a consagração, em vez de uma hóstia, todos visse um homem vivo do tamanho de um comprimido que pudesse ser facilmente ingerido, muitos não teriam coragem de engoli-lo, sabendo que, ao ser engolido, morreria dentro do estômago.

A missa é um sacrifício. Jesus, morrendo na cruz, derramou seu sangue na terra. Derramando seu sangue na terra, produziu os méritos infinitos com os quais toda a humanidade pode ser salva. Aquele que comunga engole Jesus vivo. Apesar de ser Jesus vivo, uma hóstia consagrada ainda conserva a aparência e forma de pão. Assim que o sistema digestivo destrói a forma de pão, Jesus é sacrificado dentro da pessoa que o engoliu. Se, numa missa, ninguém comungasse, nem mesmo o padre, não seria missa porque não teria havido a morte de Jesus.

Uma gaivota mergulha, apanha e engole um peixinho vivo. O peixe morre dentro do estômago da gaivota e se torna carne e sangue da gaivota. Quem comunga, engole Jesus vivo e assimila a carne e o sangue de Jesus. Por isto todos aqueles que acreditam na presença real de Jesus na Eucaristia e a recebem em estado de graça devem formar uma unidade: 16 O cálice de bênção que benzemos não é ele a comunhão do sangue de Cristo? E o pão que partimos não é ele a comunhão do corpo de Cristo? 17 Porque somos um só pão e um só corpo apesar de muitos, pois todos participamos desse único pão (1Cor.10,16-17). O corpo da gaivota é feito da carne dos peixes que ele comeu. As células que atualmente pertencem a uma gaivota antes pertenceram aos peixes que ela comeu. O pão e o vinho consagrados são realmente o corpo e o sangue de Jesus. Comendo o corpo e bebendo o sangue de Jesus, células físicas que realmente pertenceram ao corpo de Jesus passam a fazer parte do nosso corpo da mesma forma que, quando comemos carne de frango, células físicas que pertenceram ao frango passam a fazer parte do nosso corpo. Como todos aqueles que recebem dignamente a Eucaristia passam a ter, em seu corpo, células que pertenceram ao corpo de Jesus, todos devem formar uma unidade: 56 Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim, e eu nele. 57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim também quem comer de minha carne viverá por mim (Jo.6,56-57).

Deus enviou Moisés para o Egito para libertar o povo hebreu e levá-lo através do deserto para Canaã. A travessia do deserto com um grupo numeroso era possível mas, do ponto de vista humano, muito difícil. Deus colaborou com Moisés, enviando-lhe o maná e codornizes. Mas tanto o maná como as codornizes eram um alimento material que serviu para ajudar os hebreus a alcançar um objetivo material: a posse da terra de Canaã. Jesus diz que o pão vivo que o Pai dá é superior ao maná: 58 Este é o pão descido do céu. Não é como o pão que vossos pais comeram e, ainda assim, morreram. Quem come deste pão viverá eternamente” (Jo.6,58). O maná era matéria comum. Uma hóstia consagrada é Jesus vivo. A finalidade do maná era chegar à terra de Canaã. Quem come o corpo de Jesus e bebe o seu sangue tem por objetivo chegar à casa do Pai.

Durante a travessia do deserto, ninguém foi obrigado a comer o maná e a carne das codornizes. Mas quem se recusou a comer o alimento enviado por Deus morreu de fome. Uma hóstia consagrada é o próprio Jesus enviado pelo Pai: 51 Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre. E o pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo” (Jo.6,51). Quem não acreditar que uma hóstia consagrada é Jesus vivo ou, apesar de acreditar, se recusar a comê-la, ou a comer em pecado mortal, não chegará à casa do Pai: 53 Jesus lhes disse: “Na verdade eu vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54 Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia (Jô.6,53-54). A afirmação de Jesus é categórica: não se salva quem não come a carne dele e bebe o seu sangue em estado de graça. Se Jesus tivesse dito apenas “quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna”, poderíamos supor que este é um meio para se salvar mas que pode haver outros. Dizendo “ quem não come a minha carne e não bebe o meu sangue não tem a vida”, Jesus exclui que alguém que não acredita na sua presença real na Eucaristia, se recusa a recebê-la ou a recebe em pecado moral possa salvar-se

Nenhum comentário: