sexta-feira, 2 de maio de 2008

MARIA SANTÍSSIMA FOI SEMPRE VIRGEM

A Igreja ensina este ministério e privilégio mariano com uma fórmula tradicional: virgem antes do parto, virgem no parto e virgem depois do parto.O amor de Jesus à sua Mãe, que havia oferecido a Deus sua virgindade, fez que os planos divinos de redenção se realizassem, respeitando esse propósito de Maria. A Maternidade e a Virgindade, dizia São Bernardo, são duas coroas que Deus quis concede-la (cf. In assumptione B. Mariae Virginis: PL 183, 428).A Virgindade de MariaA Virgindade de Santa Maria pode ser entendida em um triplo sentido:Virgindade de mente é dizer um constante propósito de virgindade, evitando todo aquilo que repugna a perfeita castidade. Este é o chamado aspecto espiritual ou de entrega total a Deus.Virgindade dos sentidos, ou seja, a imunidade dos impulsos desordenados da concupiscência. Este é o chamado aspecto moral.Virgindade do corpo, isto é, a integridade física jamais violada por nenhum contato de homem algum.O Dogma Mariano do qual agora tratamos detém-se a considerar, principalmente, a integridade corporal de Santa Maria, e assim a Igreja nos ensina que Maria Santíssima:- era virgem ao conceber a Nosso Senhor (antes do parto);- foi virgem ao dar a luz ao Senhor (no parto);- permaneceu virgem depois do nascimento de Cristo (depois do parto).O Magistério da Igrejaa) Em todos os Símbolos Apostólicos se declara a Fé quando se diz: “Creio em Jesus Cristo... que nasceu da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo” (cf. DZ. 4,5,6,7,19,282). b) Os Concílios e declarações pontifícias expressam com unanimidade esta verdade.A Sagrada TradiçãoSanto Irineu: “Era necessário que na restauração de Adão por Cristo... a desobediência virginal de Eva fosse desvirtuada e suprimida pela obediência virginal de Maria”.São Jerônimo: “Cristo virgem e Maria virgem consagraram os princípios da virgindade em ambos os sexos”.Santo Agostinho: “Se com o nascimento de Jesus se houvesse corrompido a integridade da mãe, não haveria nascido de uma virgem, e portanto, toda a Igreja professaria falsamente que havia nascido de uma virgem”.Santo Efraim: “Entrou e habitou secretamente no seio; saindo depois do seio, não rompe o selo virginal”.“Enquanto o hedonismo, a sensualidade e a exaltação imoderadada do sexo vêm inundar e asfixiar a humanidade, o Senhor nos revela sua estima e seu apreço divino da pureza, unindo milagrosamente em sua Mãe o gozo da maternidade e o honra da virgindade.” (Pio XII)Conteúdo do DogmaA virgindade perpétua de Maria é um milagre operado por Deus e um privilégio concedido e intimamente ligado ao da maternidade divina.Este dogma mariano se explicita em três grandes momentos: antes, no, e depois do parto:A Virgindade antes do parto:Isto significa que Maria, antes de conceber a Jesus não teve nenhum contato carnal humano e, ainda, que concebeu ao Senhor milagrosamente, isto é, sem a o contato com um homem. A ação do germen viril foi suprida milagrosamente por Deus, “por obra do Espírito Santo”.Segundo a Sagrada Escritura:“A virgem conceberá e dará a luz a um filho.” (Is 7, 14)“o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma virgem, o nome da virgem era Maria”. (Lc 1, 26)“ ‘Como será isso, pois não conheço homem algum?’. ‘O Espírito Santo virá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra’.” (Lc 1, 34-36)“José... não temas receber Maria, porque o concebido nela é obra do Espírito Santo”. (Mt 1, 20)Em Mt 1, 16 e 18-25: “... Jacó gerou a José”; ao citar a seqüência das genealogias, o lógico seria continuar essa seqüência dizendo: José gerou a Jesus, mas se disse: “... Maria da qual nasceu Jesus”. Por isso disse depois: “... filho, segundo a geração de José” (Lc 3, 23).Segundo razões de conveniênica:São Tomás disse:1. Convém-se que o Filho natural de Deus não tenha pai na terra, que tenha um único pai no céu para que a dignidade de Deus não se comunique a outro.2. O Verbo, que foi concebido eternamente na mais alta pureza espiritual, foi também concebido virginalmente quando se fez carne.3. Para que a natureza humana do Salvador estivesse extinta do pecado original, converia que não fosse concebido por via seminal, mas por concepção virginal. Do contrário seria um absurdo, isto é, que Cristo tivesse necessidade de ser redimido. Se fez igual em tudo a nós, menos no pecado (cf. Hb 4,15).4. Ao nascer segundo a carne de uma virgem, Cristo nos indicava que os membros de seu Corpo Místico deveriam nascer, segundo o espírito, da Igreja Virginal (cf. Jn 1,13; S. Th. I II, q.28, a. 1).A Virgindade No Parto:Isto significa que Maria deu a luz a seu Filho primogênito sem perder sua integridade corporal e ainda, que seu parto foi sem dor alguma. A Ela não se alcançou castigo que Eva recebeu: “gerarás teus filhos com dor” (Gn 3,16). O parto, em conseqüência, foi milagroso e de caráter extraordinário.Segundo a Sagrada Escritura:“E deu a luz a seu Filho primogênito e o envolveu em panos, e o reclinou em uma manjedoura, porque na cidade não havia lugar para eles”. (Lc 2,7)Essa passagem explica, São Pio X, em seu Catecismo, desta maneira: o nascimento do Senhor foi semelhante a “como um raio de sol que atravessa o cristal sem rompê-lo ou manchá-lo”.Segundo as razões de conveniêcia, São Tomás de Aquino expressa deste modo:1. O Verbo, que foi certamente concebido e que procede do Pai sem nenhuma corrupção, devia, ao fazer-se carne de uma Mãe virgem, conservando sua virgindade.2. O que veio para evitar toda corrupção, ao nascer, não deveria destruir a virgindade daquela que lhe deu a vida.3. O que nos ordena a honrar pai e mãe obrigava-se a si mesmo não diminuir, ao nascer, a honra de sua Santa Mãe. (cf. S. Th. III, q. 28, a. 2)A Virgindade Depois do Parto: Significa que Maria, depois de dar a luz a seu Filho primogênito, virginalmente, permaneceu sempre virgem, até o final de seus dias na terra, sem ter contato com homem algum, e em conseqüência, sem gerar outros filhos.Segundo a Sagrada Escritura:“Pois não conheço homem algum” (Lc 1,34). Essas palavras indicam a resolução de Maria, opinião comum, fazendo o voto perpétuo de virgindade, o qual significa que aceita a concepção virginal de Cristo – por obra do Espírito Santo - e reafirma seu desejo de permanecer sempre virgem.“E não a conheceu até que deu a luz um Filho, ao qual pôs o nome de Jesus” (Mt 1,25). As palavras desse versículo: “E não a conheceu até que deu a luz...” tem induzido alguns a interpretá-la no sentido que, depois do nascimento de Jesus, entre a Virgem Maria e São José, houveram relações matrimoniais. Deve levar-se em conta o sentido bíblico que diz “até que”, pretende ressaltar o que já tem ocorrido até esse momento: a concepção virginal de Jesus. A partícula não leva em conta a situação posterior.A Igreja tem ensinado sempre a perpétua virgindade de Maria. Conforme as declarações do Magistério neste capítulo e os comentário sobre a passagem da Anunciação no capítulo 3 e, em particular, o dizem no v. 34 da mesma passagem.“Mulher, eis aí teu Filho” (Jo 19,26). Isso não haveria ocorrido, não seria lógico, se Maria tivesse outros filho que pudessem cuidar dela.Segundo São Tomás:1. O que desde toda eternidade é Filho único do Pai, convém que seja no tempo o filho único de Maria.2. Seria uma ofensa ao Espírito Santo, o qual santificou para sempre o seio virginal de Maria.3. Se a dignidade de ser Mãe de Deus supôs a virgindade antes e no parto, essa mesma dignidade segue existindo depois do parto (cf. S. Th. III, q. 28, a.3)Maria Santíssima é a pureza personificada, o ideal vivente da virgindade. Por ela, escreve São Cura D’Ars: “Devemos professar uma fervente devoção à Santíssima Virgem, se quisermos conservar essa virtude; da qual não nos deve caber dúvida alguma, se considerarmos que Ela é a Rainha, o modelo de Patrona das Virgens...” (Sermão sobre a pureza)Questões ComplementaresO Matrimônio de José e de Maria:Em razão da perpétua virgindade de Maria, isto é, por seu desejo de evitar todo contato com um homem, cabe perguntar se pode existir um verdadeiro matrimônio com José. São Tomás de Aquino responde dizendo que efetivamente houve verdadeiro matrimônio, distinguindo a forma e o fim do mesmo:1. A forma do matrimônio consiste em guardar indivisivelmente a fidelidade um ao outro;2. O fim do matrimônio é a geração da espécie, que se obtém pela relação e a educação que se obtém pelas obras dos esposos.No caso de Maria e José, quanto à forma, foi verdadeiro matrimônio, porque guardou-se a fidelidade. Quanto ao fim, refere-se À relação, então hão consumada, mas en quanto tiver um filho: Jesus, de que se ocuparam também de sua educação. (cf. S. Th. III, q. 29. a.2)Em outras palavras, a essência do matrimônio consiste no direito sobre os corpos com o objetivo da procriação – ius incorpore – mas, outra coisa é o uso desse direito, que pode usar-se ou não em razão das causas legítimas. Disso onderesulta que pode existir verdadeiro matrimônio, ainda quando este seja virginal.Disse São Tomás: “Não pode negar que Maria e José contrairam o verdadeiro matrimônio, porquanto que Maria concebeu e deu a luz a Cristo virginalmente e no dia da união com José. Com isso, pode se dizer aos fiéis casadosque, ainda guardado de comum consentimento a continência, permanece o vínculo conjugal sem a união dos corpos”. (S. Th. Q.29, a.2)

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